Surgem clínicas para tratar viciados da rede; estudodiz
que há até 100 milhões de doentes no
planeta
Vanessa acorda no meio da madrugada angustiada. A respiração
está apressada, meio ofegante. Sem pensar direito,
levanta-se. Liga o computador. Conecta-se à internet.
Checa os e-mails. Desliga a máquina. Aliviada e com
a respiração novamente compassada, volta para
a cama. De manhã, os sintomas se repetem até
ela ligar a máquina novamente.
Vanessa é um nome fictício. Seu procedimento,
não. Ele resume o que pessoas viciadas em internet
sofrem: a compulsão por estar diante de um computador
conectado à rede. O uso prolongado e contínuo
da internet pode afastar pessoas do mundo real, atrapalhar
o rendimento escolar ou profissional, causar danos físicos
e psicológicos e até mesmo matar.
No mundo, há entre 50 milhões e 100 milhões
de viciados em internet. Isso corresponde entre 5% e 10% do
total de internautas do planeta, segundo artigo da pesquisadora
Diane Wieland publicado em maio na revista "Perspectives
in Psychiatric Care".
Embora não haja estudo conhecido sobre o assunto exclusivamente
sobre o Brasil, o tema é tratado com seriedade no país.
Em São Paulo, há serviços que cuidam
de pacientes que deixaram a internet tomar conta de suas vidas.
O Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes
(Proad), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal
de São Paulo, usa psicoterapia para tratar doentes.
Outra iniciativa é o trabalho feito pelo Núcleo
de Pesquisas em Psicologia e Informática da PUC, que
atende diariamente a pacientes por e-mail e tem um núcleo
que visa estudar o comportamento dos netviciados.
Na clínica da PUC, os internautas podem ser tratados
sem se identificar, protegidos pelo anonimato que a internet
oferece. Rede que, ironicamente, pode servir de auxílio
para tratar do vício que ela possibilitou.
Sérgio Vinícius
As informações são da Folha de
S.Paulo.
Tratamento
ao adicto varia de acordo com país
Viciados
conversam para superar doença
Vício
pode causar danos físicos e também mentais
|