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A histórica
vantagem econômica dos falantes nativos de inglês está com
os dias contados, uma vez que a língua está perto de se tornar
uma habilidade universal. É o que demonstra estudo encomendado
pelo British Council (organização internacional oficial do
Reino Unido para assuntos culturais e educacionais). O estudo
prevê que em pouco tempo o mercado de trabalho não verá mais
a língua inglesa como um diferencial na contratação de um
profissional: habilidades como o domínio do mandarim e do
espanhol serão tão exigidas quanto a fluência em inglês.
De acordo com David Graddol, lingüista
especializado em educação para estrangeiros e autor do relatório,
os profissionais terão de oferecer mais do que domínio desse
idioma. "Estamos em um mundo em que, se você vai para uma
entrevista de emprego somente com o inglês, isso não será
suficiente. As empresas esperam algo mais do candidato e exigem,
além de um excelente domínio de inglês, o domínio de outras
línguas também", afirma.
Graddol diz ainda em seu relatório
que o inglês, a segunda língua mais falada no mundo, já foi
completamente incorporado por governos, universidades e nos
ambientes de negócios e que nem sempre os falantes nativos
são bem-vindos. "Em organizações em que o inglês já é uma
língua incorporada, as reuniões correm melhor quando não há
falantes nativos presentes", avalia Graddol, que considera
que em países como os da Ásia, existe uma preferência por
professores de inglês que não sejam falantes nativos. "Professores
da Bélgica, por exemplo, são mais bem aceitos pelos estudantes
do que os vindos do Reino Unido e dos Estados Unidos", completa.
Companhias americanas e inglesas especializadas
em material didático para estudantes da língua também podem
perder mercado diante dessa tendência: a demanda por livros
com uma linguagem mais próxima da de outras realidades é cada
vez maior. Em poucos anos, haverá cerca de 2 bilhões de pessoas
cuja língua nativa não é o inglês estudando o idioma. O estudo
de Graddol recomenda que Reino Unido e EUA invistam em material
especializado para estudantes estrangeiros para suprir a crescente
demanda.
JON BOONE
da Folha de S.Paulo
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