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Rendimento
do trabalho avança 1,8% na região em 2006, ante
6,8% na média do país
Grande SP se beneficia menos
do aumento do mínimo por concentrar os maiores salários,
afirmam especialistas
O mercado de trabalho na Grande São Paulo viveu um
2006 pior do que o restante do Estado e do país e apresentou
indicadores de rendimento abaixo da média, revelam
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
obtidos pela Folha.
A renda do trabalho cresceu, em média, 4,5% no conjunto
do Estado mais rico do país e era estimada em R$ 1.139.
O desempenho foi melhor do que na região metropolitana,
onde a remuneração subiu 1,8% (em média,
R$ 1.235) em 2006.
Em ambos os casos, a renda cresceu numa velocidade menos intensa
do que a média nacional -alta de 6,8% em 2006. No entanto,
o valor da renda média em São Paulo ainda está
bastante acima da média do país, de R$ 888.
Pelos dados do IBGE, foram criados, em 2006, 725.674 empregos
em todo o Estado. A alta ficou em 3,8% ante o ano anterior
2005 -acima da variação média nacional,
de 2,4%.
Mais uma vez, a região metropolitana teve um desempenho
mais modesto: o emprego aumentou 2,7% ante 2005, próximo
à média do país. De 2005 a 2006, a Grande
São Paulo registrou um acréscimo de 246.436
postos de trabalho.
Em todo o Brasil, foram criados, em 2006, 2,1 milhões
de empregos -8,7 milhões no acumulado do primeiro governo
Lula (2003-2006).
Especialista em mercado de trabalho, Claudio Dedecca, professor
do Instituto de Economia da Unicamp, diz que, diferentemente
de regiões de renda menor, São Paulo não
se beneficiou na mesma proporção dos ganhos
reais do salário mínimo no período.
É que no Estado, diz, o impacto do reajuste real de
13,3% em 2006 foi limitado em razão do perfil de rendimento
mais alto, especialmente da região metropolitana, que
concentra os mais altos salários do país e o
maior nível de produtividade.
Em outras palavras, relativamente, existem menos pessoas que
se beneficiam do reajuste do mínimo em São Paulo
do que em outras regiões.
"Sem dúvida, o aumento do salário mínimo,
em escala nacional, foi o principal fator de aumento da renda,
especialmente nas camadas mais pobres. E vemos que a maior
parte dos empregos gerados é com salários mais
baixos, que guardam uma relação com o mínimo",
diz a economista Lena Lavinas, da UFRJ.
Negociações
Segundo o Dedecca, dois outros fatores, porém, são
historicamente decisivos para ampliar a renda em São
Paulo: o crescimento econômico e as negociações
de reajuste salariais das categorias profissionais -que, em
geral, não acompanham o aumento do salário mínimo.
Os dissídios na Grande São Paulo subiram, em
média, 1% acima da inflação, uma proporção
muito menor à correção do mínimo.
"Para o emprego e o rendimento crescerem com mais força
em São Paulo, é preciso uma expansão
mais duradoura da economia. Como a renda já é
mais alta, há uma elasticidade menor para crescer na
região metropolitana", diz Dedecca.
Há ainda um fator estrutural: o emprego na região
metropolitana migra cada vez mais para o setor de serviços.
Além disso, atividades de maior dinamismo também
se concentram mais fora da Grande São Paulo, a exemplo
do que ocorre com a indústria do açúcar
e do álcool.
Essa perda relativa de empregos e a concentração
em serviços de alto valor são uma tendência
histórica já vivida em outras grandes metrópoles,
como Nova York e Londres, afirma Dedecca.
A expansão da oferta de trabalho no Estado de São
Paulo assegurou uma queda da taxa de desemprego -de 11,5%
em 2005 para 10% em 2006. Ainda assim, era a terceira mais
alta do país, atrás apenas do Rio de Janeiro
(11,8%) e do Distrito Federal (11,5%).
Pedro Soares
Folha de S.Paulo.
Miséria diminui em menor ritmo na região
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