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Aumento
de renda e emprego eleva custo de serviços como cabeleireiro
e pedreiro
Em 12 meses até outubro,
serviços de conserto de eletrodomésticos sobem
5,62% e de costureiras, 8,92%; o IPC foi de 4,56%
Os serviços de cabeleireiros, manicures, pedreiros e costureiras
estão mais caros. Com a expansão da renda e do emprego, aumentou
a procura por serviços domésticos, médicos e pessoais. Resultado:
os preços de prestadores de serviços sobem mais do que a média
da inflação.
De janeiro a outubro deste ano, os preços de 62 serviços
considerados pela Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) registraram alta de 4%, em média,
em São Paulo, enquanto que o IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) foi de 3,05% no mesmo período.
Desde 2005, os preços dos serviços vêm
subindo mais do que a inflação. "Quando
a economia brasileira começou a ficar mais robusta
com a melhora dos indicadores de vendas, renda e crédito
aumentaram a procura e os preços dos serviços.
Essa é uma tendência que deve ser mantida, já
que indicadores econômicos continuam positivos",
diz Márcio Nakane, coordenador do IPC da Fipe.
Nos últimos 12 meses terminados em outubro, a Fipe
constatou que os preços de serviços de reparos
de eletrodomésticos subiram 5,62%; de cabeleireiros,
8,30%; de costureiras, 8,92% e, de lavanderias, 5,60%. O IPC
no período foi de 4,56%.
"Não é um aumento extraordinário.
O que explica a elevação de preços de
serviços é uma evolução mais favorável
da demanda, que está em expansão no país,
e que possibilitou recuperação de preços
que estavam defasados", afirma Heron do Carmo, professor
da FEA-USP.
O brasileiro está mais seguro em relação
ao emprego e à renda e tem mais facilidade para obter
crédito, como mostram vários indicadores. "Se
compra com mais prazo e paga uma prestação menor,
sobra mais dinheiro para gastar com cabeleireiro, manicure,
lavanderia e pedreiro, que têm mais espaço para
aumentar preços", diz.
Francisco Ferreira, presidente da Associação
dos Profissionais dos Institutos de Beleza de São Paulo
e Interior, diz que a demanda por serviços de beleza
subiu 30% de abril até agora e que os preços
estão mais altos. "Os salões de cabeleireiros
são termômetro da economia, e dá para
afirmar que a economia vai bem", diz Ferreira.
A associação montou no início deste ano
uma agência de emprego para qualificar profissionais.
"Não temos ninguém lá, pois quem
passou na agência [cerca de 200 pessoas] já está
empregado. Atualmente faltam manicures nos salões",
afirma.
Os preços dos serviços dos cabeleireiros subiram,
segundo informa Ferreira, mas ainda estão defasados
em cerca de 40% em relação aos custos dos salões.
"Cada produto novo que é lançado vem com
preço mais alto, e o dono do salão acaba tirando
do lucro dele para não reajustar preços dos
serviços."
Para as lavanderias, apesar dos reajustes entre 5% e 6% verificados
nos últimos 12 meses, os preços estão
abaixo do que deveriam estar. "O aumento da oferta é
superior ao da demanda. Em março do ano passado, os
preços subiram entre 6% e 7% após dois anos
sem reajustes. A lavagem de um termo custa hoje cerca de R$
21, mas deveria custar R$ 24. Estamos sofrendo com custos
de aluguel, energia, salários e insumos químicos.
As embalagens plásticas que utilizamos acabaram de
subir 8,5%", diz Rui Torres, que tem duas lojas franqueadas
da rede Lavasecco.
Os custos dos serviços de sapatarias e oficinas de
costura também estão mais altos, segundo Kátia
Tung, que tem franquias da rede Golden Services (Sapataria
do Futuro). "Os preços dos produtos derivados
de petróleo estão mais caros, assim como os
salários. Se essa tendência se mantiver, seremos
obrigados a aumentar os preços dos serviços
par manter o equilíbrio da loja", afirma.
Fátima Fernandes
Folha de S.Paulo
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