A
escassez de profissionais qualificados na indústria
de agronegócios no país, provocada pelo boom
de projetos ligados ao setor de biocombustíveis, tem-se
refletido no aumento da oferta de programas de pós-graduação.
A Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas
de São Paulo (FGV-EESP), por exemplo, acaba de criar
o mestrado profissional em agroenergia - MPAgro -, em parceria
com a Esalq (Escola Superior de Agricultura "Luis de
Queiróz") /USP e a Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária).
O curso será oferecido no início de 2008 e
acontece em três localidades: na capital paulista, em
Piracicaba e Campinas (interior de São Paulo). De acordo
com Roberto Perosa Jr., coordenador de pós-graduação
dos programas de agronegócio da FGV, a idéia
é dar uma visão mais profunda a profissionais
do mercado sobre o sistema de energia da biomassa. A intenção
é desenvolver habilidades múltiplas nas áreas
de gestão econômica, tecnologia agrícola
e processos de produção de agroenergia.
Autorizado pela Capes, o mestrado stricto sensu tem duração
de dois anos, totalizando 540 horas. As inscrições
seguem até o fim do mês e serão selecionados
entre 30 e 40 alunos, após análise de currículo
e de projeto de dissertação, além de
entrevista. É pré-requisito ter proficiência
em inglês. As aulas no primeiro ano serão ministradas
às sextas e sábados, enquanto a partir do segundo
ano acontecem apenas aos sábados. "Nosso foco
envolve três áreas: etanol, produção
de energia da celulose e biodiesel", explica Perosa.
Outra iniciativa bastante inusitada no setor de agronegócios
é a Universidade da Cana, lançada, na última
quinta-feira, pela FMC Agricultural Products, divisão
agrícola do grupo americano FMC. O projeto envolve
a criação de um curso de pós-graduação
em gestão e tecnologia sucroalcooleira, direcionado
a agrônomos recém-formados. Para tanto, a companhia
firmou aliança com a Fafram - Faculdade D. Francisco
Maeda -, a Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana)
e as usinas Cosan e São Martinho.
O curso será realizado nas cidades paulistas de Piracicaba,
Ribeirão Preto e Ituverava, com visitas às usinas
e campo, incluindo todo o processo de produção.
Cerca de 40 jovens serão escolhidos entre 476 inscritos
- dos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais,
Pernambuco, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Eles terão uma noção integrada da cadeia
produtiva da cana-de-açúcar e desenvolverão
competências gerenciais.
De acordo com Antonio Carlos Zem, presidente da FMC para
a América Latina, estão sendo investidos recursos
da ordem de R$ 1 milhão. Os alunos selecionados contarão
com uma bolsa de R$ 1,2 mil, que inclui alojamento e alimentação
para que se dediquem exclusivamente ao curso. "Queremos
oferecer uma formação sistêmica, que vai
desde a fase do planejamento do plantio até a comercialização
do açúcar", afirma.
Zem diz que o crescimento do setor e a construção
de novas usinas estão gerando uma falta de profissionais
especializados. O programa foi desenvolvido com o objetivo
de aliar o conhecimento teórico à prática.
O curso oferece não só conhecimentos técnicos
sobre a cultura da cana, como também módulos
de gestão empresarial e competências gerenciais.
"Vamos preparar jovens de várias regiões
para que possam suprir a demanda das empresas".
O presidente da FMC destaca ainda o desenvolvimento de futuras
lideranças. Uma das maiores deficiências que
as usinas de cana de açúcar enfrentam, na sua
opinião. "Apesar de existir gente com boa qualificação
técnica, a maioria não possui habilidades de
gestão", diz. O curso contará com professores
da Fundação Dom Cabral.
O Valor Ecônomico.
Apagão de qualificação
Sabe quanto vale um diretor industrial de uma usina de álcool?
70.000 reais mensais, em média. E, acredite, esse profissional
está em falta no mercado.
Lauro Jardim
Revista Veja.
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Falta
profissional qualificado na área de biotecnologia
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