Cassia Gisele Ribeiro
especial para o GD
Duas pesquisas apontam que profissionais que utilizam o computador
como ferramenta de trabalho passam mais de duas horas por
dia navegando na Internet. Uma delas foi realizada pela América
OnLine em parceria da empressa Salary.com, a outra foi divulgada
recentemente pela London University.
O que ambas apontam em suas conclusões – que já se previa
- é que os funcionários acessam cada vez mais a internet no
período de trabalho. O novo aqui é o fato que surpreendeu
a todos: as tais duas horas são o dobro do que previam, principalmente
as empresas contratantes.
E como se ficar tempo demais na Internet não fosse a maior
dor de cabeça para os empregadores, a pesquisa da universidade
inglesa ainda analisou a perda mental causada pela distração
virtual entre os funcionários. As conclusões são claras e
assustadoras: os funcionários ficam mais dispersos com o uso
da internet do que ficariam se fumassem maconha.
Explica-se: a perda entre aqueles que tentam conciliar o trabalho
com a organização do correio eletrônico é de 10 pontos, o
equivalente a uma noite de insônia. Já a perda de QI depois
de fumar maconha seria de 4 pontos.
Quando se cruzam os dados, percebe-se o problema. Segundo
o estudo a AOL, o uso da Internet por motivos pessoais e para
passar o tempo foi citado por quase 45% dos 10.440 profissionais
entrevistados. A socialização com os colegas ficou em segundo
lugar, citada por cerca de 23%, enquanto a realização de tarefas
pessoais foi citada por outros 6,8% dos funcionários.
Entre os 1.100 entrevistados, 66% confessaram que também verificam
os e-mails fora do horário de trabalho. E 50% respondem as
mensagens em menos de 60 minutos depois do recebimento. “Essa
conduta reduz a produtividade e faz com que as pessoas sintam-se
mais cansadas do que o normal”, afirma o responsável pelo
estudo, Glenn Wilson.
Matilde Berna, gerente da Right Saad Felipelli, também ressalta
o fator estresse como uma possível consequência do excesso
de informação transmitido pela Internet no ambiente de trabalho.
“A Internet acaba aumentando a agilidade do processo de trabalho,
e consequentemente, aumenta a necessidade de se realizar esse
trabalho o quanto antes”, afirma.
Matilde, no entanto, avalia como positivo esse tempo livre
na Internet. “A Internet é um ambiente onde o funcionário
pode obter informação, conhecimento e cultura. Não acredito
que o bom profissional fique navegando sem objetivo”, afirma.
“Muitas vezes, ele pode até estabelecer contatos e encontrar
soluções com o auxílio da ferramenta”.
Matilde constata ainda que, após o período de “febre” causado
pela Internet, as pessoas estão aprendendo a selecionar melhor
aquilo que querem ver. “As pessoas já começam a ter consciência
de que há informação boa e ruim na Internet, e que o excesso
pode ser prejudicial”, lembra.
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