Ana
Loiola
especial para o GD
Um total de 62,9% dos professores brasileiros já tiveram
algum problema de voz. Além disso, 15,4% dos educadores
acreditam que, no futuro, precisarão mudar de profissão
por esse motivo e 4,6% já mudaram de ocupação
devido a alterações vocais. Estes são
os dados preliminares de uma pesquisa inédita no país
realizada pelo Centro de Estudos da Voz, em parceria com o
Sindicato dos professores de São Paulo (Sinpro-SP)
e a University of Utah (EUA).
A pesquisa é originalmente norte-americana e sua metodologia
foi copiada com o objetivo de colher dados que comprovem a
incidência de problemas vocais em professores de todo
Brasil.
Segundo a fonoaudióloga do Sinpro-SP, Fabiana Zambon,
o objetivo é obter dados sobre a incidência e
as características do aparecimento de problemas de
voz em professores, comparando com um grupo de não-professores.
“A falta de preparo, as condições inadequadas
de trabalho e o uso excessivo da fala contribuem para comprometer
o bem estar vocal do professor e podem ameaçar o rendimento
profissional, assim como a longevidade da carreira”,
afirma.
Para a fonoaudióloga do Centro de Reabilitação
Cognitiva, Déborah Azambuja, a acústica ruim
da sala de aula, o pó do giz, o tom elevado de voz,
o estresse causado pela longa jornada de trabalho e o baixo
salário, contribuem ainda mais para a decorrência
dos problemas vocais. “Toda escola deveria oferecer
ao menos uma palestra sobre o assunto. Com a orientação
adequada, o professor poderia cuidar melhor da voz”,
acredita.
Zambon acrescenta que o problema já começa
na formação. “Nenhum curso prepara o professor
para os cuidados vocais. Eles se formam sem entender que são
profissionais da voz e que precisam ter atenção
com seu instrumento de trabalho”, alerta.
A falta de preocupação com a voz levou a professora
da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, Joana Alves,
a se afastar das aulas durante quatro dias para se recuperar.
Ela conta que altera a voz para pedir a atenção
dos alunos. “Eles fazem bagunça e eu preciso
gritar”. A repetição dessa atitude foi
o que levou ao seu afastamento.
A professora disse nunca ter recebido orientação
de como usar a voz adequadamente. “Seria importante
que eu tivesse, pois é um dos meus principais instrumentos
de trabalho”, reconhece.
O site do sindicato dos professores de São Paulo oferece
um programa completo sobre a saúde vocal do professor.
Para ter acesso ao conteúdo, basta entrar no portal
(www.sinprosp.org.br)
e buscar o link “saúde do professor”. Além
disso, o sindicato oferece palestras com o intuito de informar
os professores sobre os cuidados que devem ter com a voz.
Os serviços do Sinpro-SP são destinados apenas
a professores da rede particular de ensino.
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