A exigência de ensino médio completo como pré-requisito
para um emprego surpreendeu o Ministério do Trabalho.
Na avaliação da coordenadora do Observatório
do Mercado de Trabalho, Paula Montagner, os 11 anos na escola
estão num patamar mais elevado do que o da média
cobrada pelos empregadores na hora da contratação
de pessoal.
"Nunca observei na história recente do mercado
de trabalho brasileiro uma concentração tão
clara em pessoas com segundo grau completo", diz Montagner.
O estudo do Ministério do Trabalho, com base nos dados
da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), revela ainda que está
havendo uma crescente exclusão do mercado de trabalho
de pessoas com menor escolaridade.
"Embora o contingente de desocupados mostre decréscimo
no número daqueles com escolaridade menor que o ensino
médio, o seu contingente na condição
de ocupados praticamente não se alterou no período
em análise, indicando que passam a integrar a população
não ocupada", afirma o documento técnico.
A coordenadora explica que a demanda por trabalhadores com
mais anos de estudos pode ser justificada pelo excesso de
mão-de-obra. Como a demanda por trabalho é muito
grande, na tentativa de fazer um primeiro filtro entre os
candidatos, se impõe esse limite. "Os custos para
uma seleção são altos. É preciso
fazer um corte para evitar uma procura muito grande."
Por esse motivo, para evitar filas quilométricas nas
portas das empresas, os departamentos de recursos humanos
exigem o ensino médio completo como critério
de seleção prévia.
Para ela, depois que a demanda por emprego se acomodar em
níveis mais baixos, a exigência pode não
ser tão grande. "Depois de rebaixada a demanda,
enquanto não houver mais tanta gente com esse perfil
profissional, os mais jovens, por exemplo, passarão
a ser absorvidos pelo mercado, se houver continuidade no crescimento
da economia."
A análise dos dados da pesquisa ainda permite concluir
que a maior parte das pessoas que foram incorporadas à
PEA (População Economicamente Ativa) nas regiões
pesquisadas tinha escolaridade mais elevada.
A conclusão vem dos seguintes fatos: houve queda pequena
no número de
desempregados com escolaridade igual ou superior ao ensino
médio completo. No entanto quase a totalidade das vagas
foi preenchida por pessoas com exatamente esse grau de educação.
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