João
Batista Jr.
Depois da inauguração do clube Vegas, em 2005,
a rua Augusta viu, aos poucos, o perfil de seu público
se modificar. Jovens que freqüentavam a noite da Vila
Olímpia e do Itaim Bibi têm o centro como mais
uma opção de lazer. E empreendedores passaram
a considerar a rua um novo foco para investimento.
Bares antigos foram remodelados, como o Vitrine e Ibotirama,
e estabelecimentos novos foram abertos. "Hoje tem mais
diversidade. Antigamente era inferninho atrás de inferninho,
ninguém ia pra lá tomar cerveja com os amigos",
diz Paula Queiroz, autora de "Do Luxo ao Lixo" –
documentário de rádio sobre a rua. "Já
hoje tem o Vegas, o Outs, o Inferno, o Astronete,..."
A diversidade também chama a atenção
da estudante universitária Renata Losso. "Agora
tem hippie, mauricinho, roqueiro, gay e punk. Até uns
anos atrás não era bem assim", acredita.
Com o aumento no número dos jovens na região,
as prostitutas que faziam ponto nas calçadas da Augusta
viram seu local de trabalho ser disputado. Hoje, apenas o
trecho conhecido como baixo Augusta (entre as ruas Costa até
a João Guimarães Rosa) concentra um maior número
de profissionais do sexo.
Influência
A abertura do clube Geni e do bar Exquisito!, em 2006, e do
Bar Leblon, em 2007, aliado aos estabelecimentos que já
existiam nas imediações, fez com que o trecho
da rua Bela Cintra próximo à rua Fernando de
Albuquerque também deixasse de ser um ponto preferencial
para as prostitutas.
Ainda que o projeto já fosse antigo, a Prefeitura de
São Paulo tirou da gaveta uma obra que deu continuidade
às mudanças ao padronizar, no ano passado, o
calçamento de toda a extensão da rua Augusta
– com rebaixamento para cadeirantes e piso não
escorregadio.
Inauguração
"Estou proposto a aumentar o nível da rua Augusta".
A frase de Nicolau Loukopoulos é contundente: mostra
que o proprietário do Athenas Café, bar e restaurante
inaugurado no último 20 de agosto na esquina da rua
com a Antônio Carlos, procura uma segunda fase para
a revitalização da Augusta. "Agora que
temos muitos jovens na rua, é preciso proporcionar
boas opções de diversão." Para ele,
botecos sujos e atendimento ruim ainda prevalecem na região.
"Falta investimento em qualidade por aqui, pois existe
uma demanda para estabelecimentos mais elaborados –
iguais aos que encontramos nos Jardins". Natural da Grécia,
Loukopoulos conta que o Athenas Café só fecha
depois que o último cliente for embora. "E abrimos
sempre às 7 h da manhã."
Barrados no baile
A festa na Augusta não é para todos. No ano
de 2007, o Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis)
intensificou a fiscalização de estabelecimentos
que não respeitam as normais de seguranças.
Muitos "inferninhos" e saunas, assim, foram fechados.
Segundo assessoria do órgão, 31 estabelecimentos
localizados na rua estão com processos abertos –
dos quais 12 já foram interditados.
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