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Escolas
paulistas sofreram a maior diminuição do país
na nota do Saeb (exame de âmbito nacional) na 8ª
série, entre 1995 e 2005
Especialistas afirmam que houve
erro na aplicação do sistema de progressão
continuada e culpam também falta de estrutura
Estado mais rico da Federação, São Paulo
teve algumas das maiores quedas do país nas notas no
Saeb (exame do governo federal) entre 1995 e 2005. Na 8ª
série, as escolas paulistas foram as que mais tiveram
diminuição na média, situação
parecida à da 3ª série do ensino médio.
Somente no 4º ano da educação fundamental
é que São Paulo se posicionou no bloco intermediário.
Especificamente na 8ª série, o fraco rendimento
foi potencializado pelas escolas da rede estadual, governada
no período pelo PSDB (com Mário Covas e Geraldo
Alckmin).
Especialistas citam como fatores que contribuíram para
o fraco desempenho do Estado uma errônea aplicação
do sistema de progressão continuada, a falta de estrutura
para absorver estudantes, a ausência de incentivo a
professores e políticas públicas imediatistas.
"Houve confusão entre progressão continuada
e promoção automática", disse Artur
Costa Neto, docente da Faculdade de Educação
da PUC-SP. "O Estado não deu estrutura e tempo
para professores e alunos entenderem o sistema." A progressão
continuada foi implantada durante a gestão Covas e
mantida desde então. No sistema, não há
reprovação por série, somente após
um ciclo de quatro anos.
Para a professora Ângela Soligo, da Faculdade de Educação
da Unicamp, o Estado pecou na estrutura para absorver alunos.
"Colocar mais alunos e não aumentar o número
de salas é reduzir a qualidade do ensino."
Já o professor do departamento de Psicologia e Educação
da USP de Ribeirão Preto, José Marcelino de
Rezende Pinto, afirmou que o Estado cometeu "um grande
erro" ao reorganizar a sua rede física, na década
de 90. "Quando separaram 1ª a 4ª de 5ª
a 8ª séries, a unicidade da formação
do ensino fundamental foi quebrada ao meio", disse o
especialista.
A atual secretária estadual da Educação,
Maria Lúcia Vasconcelos, vê a situação
como "um alerta". "Iremos tomar ações
corretivas. Devemos atacar os nosso pontos frágeis",
afirma.
Entre as medidas que planeja adotar estão incluídas
a revisão da progressão continuada e a mudança
da grade curricular, além do reforço do orçamento
para a alfabetização. "Os ciclos atuais
são de quatro anos, mas pretendo que sejam mais curtos.
Os professores ainda serão consultados, mas estava
pensando em baixar para algo em torno de dois anos",
afirma.
A reportagem procurou os ex-secretários Rose Neubauer
(gestão Covas) e Gabriel Chalita (gestão Alckmin),
mas não conseguiu entrevistá-los.
Em língua portuguesa da 8ª série, a nota
de São Paulo teve uma variação negativa
de 12%, a maior do país. A tabulação
feita pela Folha considera a variação das notas
nos dez anos de aplicação do exame.
O segundo pior desempenho foi o do Paraná (queda de
11,4%). O melhor rendimento foi o Maranhão, com queda
de 0,5% na média. O recuo médio do país
ficou em 9,7%.
A queda registrada no período fez com que São
Paulo caísse no ranking de notas absolutas. Em 1995,
o Estado era o segundo melhor. Agora, é o sexto. A
primeira colocação segue com o Distrito Federal.
Em matemática da 8ª série, o desempenho
de São Paulo caiu 8,2%, também o maior recuo
do país. Na média, a nota no Brasil diminuiu
5,6%.
São
Paulo tem apenas duas "escolas top" no Enem
Fábio Takahashi
Antônio Gois
Jorge Soufen Jr
Colaborou Fernanda Calgaro
Folha de S.Paulo.
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