São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades que
mais subiram no ranking de preços e salários
elaborado anualmente pelo banco suíço UBS, comparando
71 metrópoles em todo o mundo. A capital paulista passou
de 51ª a 42ª cidade mais cara do planeta, e o Rio
pulou de 57º posto para o 43º.
O banco atribui essa situação ao crescimento
econômico e à valorização do real,
que estreitaram a diferença - em termos de ganhos e
despesas - entre as duas capitais e cidades da América
do Norte, e as colocam como as mais caras da América
Latina.
Só que, no Brasil, os preços subiram mais fortemente
que os salários, o que faz com que " as fortes
disparidades de poder de compra entre o Sul e o Norte continuem
idênticas " . Os salários no Brasil e no
resto da América Latina representam um terço
dos pagos na América do Norte e Europa.
A Europa domina a lista das 71 cidades mais caras do mundo,
enquanto as asiáticas estão entre as mais baratas
para viver. A pesquisa, feita entre fevereiro e abril com
base numa cesta de 122 bens e serviços, aponta Oslo,
Londres, Copenhague, Zurique e Tóquio como as que mais
pesam no bolso. A classificação muda, com Londres
e Nova York na liderança, quando inclui aluguel, o
que explica por que muita gente tolera longos trajetos entre
a casa e o trabalho. Buenos Aires está entre as mais
baratas, ao lado de Kuala Lumpur (Malásia), Mumbai
e Nova Déli (Índia).
Considerando os produtos da pesquisa, os preços são
32% mais baratos no Brasil, em média, do que nos países
ricos. É mais barato comprar roupas em Manila (Filipinas)
e alimentos em Mumbai. A diferença de preço
para táxi ou ônibus entre a região menos
cara (América do Sul e Europa do Leste) e a mais custosa
(Europa Ocidental) é de 70%. Nos aparelhos eletrônicos,
a diferença cai para 23%.
Os trabalhadores americanos recebem os salários mais
altos, seguidos pelos europeus ocidentais. No entanto, Zurique
e Genebra lideram em termos de poder de compra, porque os
salários líquidos são mais elevados.
Em cidades como Nova York, Ganha-se o equivalente a 15 euros
brutos por hora, em média, em 14 profissões
(engenheiro, professor, mecânico, assistente administrativo
etc.) Na Ásia, o trabalhador recebe entre 3 e 4 euros
pela mesma tarefa. Em São Paulo, a média salarial
para essas carreiras é de 3,80 euros líquidos
por hora - a maior da América Latina, superior a de
indianos e chineses. Enquanto um mecânico no Brasil
recebe 6.300 euros líquidos por ano, seu colega em
Nova Déli ganha a metade, e o sueco, 23 mil euros.
Nos países emergentes em geral, professores e motoristas
de ônibus ganham bem menos que nos países desenvolvidos.
Vale mais a pena ser engenheiro em São Paulo, com salário
líquido de 17 mil euros por ano, do que em Pequim,
onde se ganha apenas um terço desse montante.
A carga mundial de trabalho é de 1.844 horas por ano.
Os asiáticos são os campeões, com de
mais de 2 mil horas por ano e 50 horas por semana, em média.
Os parisienses batem o recorde em matéria de diversão,
pois é em Paris que a pesquisa registra apenas 1.481
horas anuais, ou seja, 35 horas por semana de trabalho. Sete
outras cidades européias estão entre as dez
primeiras nessa categoria.
De acordo com o levantamento, no Rio e em São Paulo
trabalha-se cerca de 1.700 horas, 15 dias a menos que os asiáticos,
e também várias horas menos que os argentinos.
A classificação coloca o Brasil em primeiro
lugar em férias - 30 dias por ano - enquanto os trabalhadores
na Ásia têm 12 dias e a média mundial
é de 20 dias. Só que o UBS excluiu os feriados,
que na Suíça, por exemplo, são contados
como férias, que acabam superando um mês de folga
por ano.
A pesquisa popularizou o Big Mac como o produto mais homogêneo
para refletir o poder de compra real. Pela média mundial,
é necessário trabalhar 35 minutos para comprar
o sanduíche. São Paulo (38 minutos) é
a cidade latino-americana onde menos se precisa trabalhar
para adquirir o Big Mac. Em Bogotá, são necessários
97 minutos. Nos países ricos, é preciso entre
15 e 20 minutos de trabalho para comprar o sanduíche.
Assis Moreira
Valor Econômico
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