|
Com
opções escassas, população depende
da boa vontade de donos de bares e outros estabelecimentos;
alguns cobram taxas
Publicação do Hospital
das Clínicas avalia 150 sanitários públicos
da cidade
O vale do Anhangabaú, no centro
da cidade, está entre os piores lugares de São
Paulo para se ter uma dor de barriga -o único banheiro
público do local está em condições
lamentáveis.
Para ajudar os paulistanos a driblar esse e outros momentos
de aperto, médicos do HC (Hospital das Clínicas)
elaboraram o guia "Banheiros em São Paulo. Onde
ir? Como fazer?", que avalia 150 banheiros de alguns
dos mais movimentados pontos da cidade e dá dicas de
locais a que se pode recorrer nos momentos de sufoco -5.000
exemplares estão sendo distribuídos no HC.
"Tem que ter banheiro. É um problema de saúde
pública", diz Homero Bruschini, urologista do
HC e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo os médicos,
15% da população adulta tem dificuldade de reter
a urina. O guia também pretende auxiliar quem sofre
de incontinência ou problemas de próstata, além
de portadores de deficiência e idosos. "Queremos
motivar governantes a se preocuparem com o tema."
Com escassas opções de banheiros públicos,
os paulistanos dependem da boa vontade de donos de bares e
de outros estabelecimentos. Alguns deles cobram taxas para
restringir o uso, enquanto a maioria discrimina quem pode
utilizar as instalações, deixando os mais pobres,
literalmente, no aperto.
"Sempre dizem que está quebrado", conta o
gari José Geraldo, 62, que afirma já ter cansado
de ouvir a mesma desculpa enquanto vê clientes usando
o sanitário. O sorveteiro Francisco Souza, 43, vive
o mesmo problema. "Há dias em que fico seis, oito
horas sem ir."
A reportagem esteve em dois banheiros públicos, no
vale do Anhangabaú e no terminal de ônibus Parque
D. Pedro 2º. "Vai entrar aí?", grita
a moradora de rua Gisele Bertoldo, 21, advertindo sobre a
imundície do banheiro do Anhangabaú. Gisele
conta que, devido à sua aparência, costuma ser
barrada em banheiros particulares. Recorre aos da estação
República do metrô e ao do terminal Bandeira
de ônibus.
No Anhangabaú, o forte cheiro de urina faz arder o
nariz e lacrimejar os olhos -que se espremem de aflição
ao se deparar com o montante de fezes pelo chão. A
dona de uma banca de jornal próxima mostra a base de
metal corroída de urina. "Pago R$ 5 por dia para
lavarem. Às 7h, quando chego, não respiro."
Já o sanitário do parque D. Pedro 2º, mostrou-se
razoável, com trocador para bebê, mas sem papel
higiênico.
Mariana Barros
Márcio Pinho
Folha de S.Paulo
Áudio
dos comentários
| |
|