A violência
doméstica é pior do que se imagina --aliás,
muito pior. É o que se conclui de uma investigação
em andamento feita pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) com 800 famílias na periferia da cidade
de São Paulo. É a primeira pesquisa de que se
tem notícia feita de casa em casa, e não apenas
com base nos falhos registros oficiais.
Os pesquisadores constatam uma incidência de 20% de
agressões graves contra as crianças, o que significa
queimaduras, asfixia ou espancamento, resultando em fraturas
e lesões que, muitas vezes, acabam levando-as para
o hospital. Por outro lado, não ocorre punição
ao agressor, protegido pelo manto do silêncio familiar.
As inevitáveis seqüelas psicológicas, porém,
são profundas.
Essa pesquisa, detalhada neste
link, mostra que o drama da menina Isabella, que pode
parecer distante, mora, na verdade, ao lado. A criança
vira a depositária do estresse da pobreza combinada
com o desequilíbrio emocional de adultos --e, é
claro, é vítima da ignorância. Os pesquisadores
da Unifesp ouvem de mães e pais a desculpa de que estão
apenas educando seus filhos.
Esse é mais um aspecto de uma das maiores fragilidades
sociais brasileiras: a pouca atenção à
primeira infância, especialmente nas camadas mais pobres
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
Link relacionado:
Isabellas
clandestinas
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