A pesquisa
do Datafolha revela o que se poderia classificar como "caretice"
dos jovens --seus projetos mais importantes são trabalho,
estudo e família. Nenhuma de suas principais referências
adultas demonstram quaisquer sinais de contestação.
A maioria, segundo a pesquisa, se diz de "direita".
O jovem ficou velho? Não, é apenas esperteza
pragmática, com toques de sabedoria.
Essa geração nasceu em um Brasil amedrontado,
com a violência se espalhando todos os lados --uma violência
que se associa às drogas. É um país amedrontado
também pela falta de perspectivas; o desemprego atinge
com força os jovens e, especialmente, os mais pobres.
Nasceram, em suma, num país sem esperança,
desequilibrado emocionalmente por causa do medo cotidiano,
com difícil acesso ao mercado de trabalho e, para completar,
com escolas ainda piores do que já foram. Nessa loucura,
eles querem apenas a paz de sentir o gosto de controlarem
suas vidas e prosperarem, confiando mais neles próprios
do que em salvadores da pátria. Querem apenas o direito
de viverem sem tanto medo.
O recado para nós, adultos, é claríssimo
--eles querem que os governantes centrem mais e mais sua atenção
no desenvolvimento do capital humano que, em resumo, significa
a possibilidade de descobrir e desenvolver habilidades, sentindo-se
autônomos. Isso é o que, segundo eles dizem na
pesquisa do Datafolha, significa sonho.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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