REFLEXÃO


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pensata
29/07/2008

O direito de não sentir medo

A pesquisa do Datafolha revela o que se poderia classificar como "caretice" dos jovens --seus projetos mais importantes são trabalho, estudo e família. Nenhuma de suas principais referências adultas demonstram quaisquer sinais de contestação. A maioria, segundo a pesquisa, se diz de "direita". O jovem ficou velho? Não, é apenas esperteza pragmática, com toques de sabedoria.

Essa geração nasceu em um Brasil amedrontado, com a violência se espalhando todos os lados --uma violência que se associa às drogas. É um país amedrontado também pela falta de perspectivas; o desemprego atinge com força os jovens e, especialmente, os mais pobres.

Nasceram, em suma, num país sem esperança, desequilibrado emocionalmente por causa do medo cotidiano, com difícil acesso ao mercado de trabalho e, para completar, com escolas ainda piores do que já foram. Nessa loucura, eles querem apenas a paz de sentir o gosto de controlarem suas vidas e prosperarem, confiando mais neles próprios do que em salvadores da pátria. Querem apenas o direito de viverem sem tanto medo.

O recado para nós, adultos, é claríssimo --eles querem que os governantes centrem mais e mais sua atenção no desenvolvimento do capital humano que, em resumo, significa a possibilidade de descobrir e desenvolver habilidades, sentindo-se autônomos. Isso é o que, segundo eles dizem na pesquisa do Datafolha, significa sonho.

Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
   
 
 

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