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Os
primeiros anos da década de 80 foram de grande efervescência
cultural em São Miguel Paulista, grande São
Paulo (SP). Músicos, poetas, artistas plásticos
e estudantes da região reuniam-se em espaços
públicos para levar arte e educação para
os moradores da periferia, dando origem a grupos como o Movimento
Popular de Arte (MPA) e o Centro de Comunicação
e Educação Popular (Cemi). Exposições
de arte, varais de poesias, apresentações musicais
e peças de teatro eram comuns nas praças do
bairro. Mas acontecimentos diversos que se seguiram acabaram
por separar esses artistas populares.
Quase 20 anos depois, algumas pessoas
que participaram daquela movimentação resolveram
reavivar o espírito daquela época. "A gente
já tinha a idéia de reaglutinar o grupo e iniciar
algum tipo de trabalho de educação por meio
da arte", comenta o jornalista Gilberto Nascimento. Em
2001, ele e alguns amigos montaram na Penha a organização
não-governamental Estação da Arte.
Depois do grupo reunido, foram procurar
uma escola do bairro para desenvolver os projetos de educação,
inserção social, cidadania e empregabilidade.
A instituição escolhida foi a Escola Estadual
Dom João Maria Ogno, que tinha um curso de teatro com
os alunos. "Como já havia essa disposição
dos professores de fazer um trabalho fora da sala de aula,
levamos o projeto para a direção", diz
Nascimento.
Com a presença da ONG na escola,
os intervalos dos períodos da manhã e da tarde
da Dom João ficaram animados. Os alunos aproveitam
o momento de lazer para dançar e ouvir música,
por meio de alto-falantes instalados no pátio. A programação
é feita pelos estudantes que participam da oficina
de rádio, uma das atividades da ONG na escola. "É
bom aprender um pouco de alguma coisa e o pessoal tem com
o que se distrair", comenta o estudante Rodrigo Amâncio
Augusto, de 14 anos, que desde o início do ano faz
parte da oficina.
Os outros alunos são convidados
a participar da programação, trazendo algum
CD de casa. "É bom porque não tem como
errar, uma vez que é o ouvinte quem traz as músicas",
diz o instrutor da oficina, Carlos Henrique Nascimento, de
20 anos, que há cinco anos é DJ. Até
mesmo artistas locais e da escola são divulgados pela
rádio.
"O interesse deles me surpreendeu
muito", comenta o DJ sobre os participantes da oficina,
que têm entre 13 e 19 anos. Uma vez por semana, eles
também se reúnem na sede da Estação
para aprender mais sobre técnicas de radiodifusão.
Mesmo sendo aluno de um colégio
de Itaquera, bairro onde mora, o estudante Fábio Alencar,
de 18 anos, integra a oficina. O objetivo dele é levar
para a Escola Estadual Emília de Paiva Meira os conhecimentos
adquiridos com as aulas. Integrante do grêmio estudantil,
Fábio já encaminhou um projeto para a direção
da escola dele, que tem o equipamento, mas não há
ninguém capacitado para usá-lo.
Fã de Djavan, Caetano Veloso,
Jorge Vercilo e Tom Jobim, além de apreciar sambas
antigos, o garoto, que formou um grupo musical com os amigos
da vila onde mora - o MPBlack -, ajuda na seleção
das músicas. "Como eu me envolvo mais com MPB
e samba, vou dando uns toques. Claro, sempre seguindo a programação."
Ainda são realizadas
oficinas de basquete, teatro, grafite, vídeo e joalheria
- as duas últimas na sede da entidade. Outros cursos,
como o de gastronomia, estão em estudo. "A proposta
é que aprendam e também ensinem", diz o
joalheiro e designer de jóias Moacir Martins, professor
da oficina e um dos fundadores da ONG.
As
informações são do site Aprendiz.
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