Grupo
de paulistanos luta para popularizar a bicicleta
Erika Vieira
Sexta-feira é um dia agitado na avenida Paulista, mas,
nesta última, a agitação foi além
do normal. Chapeuzinho de aniversário por cima do capacete
de ciclista e bolo de festa coloriram a paisagem cinza e cheia
de carros da avenida. Os apetrechos faziam parte da comemoração
de cinco anos do Bicicletada.
O festejo aconteceu na Praça do Ciclista, fundada
pelo pessoal do Bicicletada, em 2006. A praça é,
na verdade, um minicanteiro na avenida`Paulista, na altura
da rua Bela Cintra, que se transformou em ponto de encontro
de ciclistas que lutam pela popularização da
bicicleta como uma alternativa para melhorar o tráfego
da cidade de São Paulo.
O local foi todo personalizado com grafites temáticos
e colocaram no alto de um poste uma placa “oficializando”
o pedaço como Praça do Ciclista. Coincidentemente,
ali fica uma estátua do venezuelano Francisco Miranda,
um revolucionário que, em 1806, içou pela primeira
vez a bandeira venezuelana tricolor que conhecemos hoje, como
símbolo da luta contra a colonização
espanhola. Assim como Miranda, esses ciclistas também
fincaram a “placa” da causa pela qual lutam. A
proposta de oficializar o nome foi levada à Câmara
dos Vereadores pela veradora Soninha, porém não
foi aprovada.
”O pessoal resolveu adotar a praça porque a
cidade não tem um símbolo para a bicicleta.
São Paulo é tomada pelos carros, mas tem de
ser ocupada é pelas pessoas”, diz André
Pasqualini, ciclista participante do Bicicletada. A Bicicletada
é uma manifestação de pessoas que não
se consideram associação nem ONG. São
apenas cidadãos que querem humanizar mais o trânsito
e colaborar com a redução da emissão
de gases poluentes. “O objetivo é mostrar que
existe outro meio de transporte que é útil para
a cidade.”
Toda última sexta-feira de cada mês, eles se
reúnem na praça e partem montados em seus veículos
não-motorizados entregando panfletos e fazendo brincadeiras
bem-humoradas de conscientização. Levam um megafone
para chamar a atenção dos motoristas que não
respeitam a faixa de pedestres nem a lei que determina a redução
da velocidade do automóvel e a manutenção
de uma distância lateral de um metro e cinqüenta
centímetros ao ultrapassar uma bicicleta. “São
Paulo é uma cidade agressiva, as pessoas não
pegam a bicicleta por medo. Não há a valorização
da vida em São Paulo”, diz Thiago Benicchio,
integrante do Bicicletada.
Para ajudar os dispostos a trocarem o carro pela "bike",
Pasqualini está mapeando a capital. Assim, futuramente
se poderá traçar pela internet a melhor rota
a fazer em duas rodas. Ele espera apresentar essa idéia
ao prefeito, para que sejam criadas ciclofaixas que contribuam
na opção de trajetos mais seguros para o ciclista.
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