João
Batista Jr.
Com o tema “Cidade, Corpo Radial”, a Secretaria
de Cultura do Estado de São Paulo abriu as inscrições
da 3º edição do Ateliê Amarelo –
projeto que dá a nove artistas plásticos a possibilidade
de passar cinco meses dentro de um ateliê localizado
no centro de São Paulo para desenvolver suas obras.
“A finalidade é permitir que os artistas tenham
a oportunidade de vivenciar arte durante 24 horas por dia”,
conta João Spinelli, que, ao lado de Cildo Oliveira
e Maria Boromi, faz curadoria do projeto. “E de que
maneira isso acontece? Dinamizando seu próprio trabalho
pessoal.”
“Não vemos o nome nem o currículo da
pessoa”, afirma. “O projeto que os interessados
enviam para seleção pode ser completamente mudado.”
Para o curador, os cinco meses de convivência diária
podem alterar a forma de pensar arte. “E também
tem o entorno do local, que fica no bairro da Luz. Os bolsistas
têm a liberdade de interagir com os moradores da região
e com os visitantes do ateliê.” A casa conta com
nove quatros para que os alunos morem no local, com banheiro
privativo e área de criação.
Sem rigor
”Na universidade o aluno passa um período, mas
depois vai embora para a casa. No Ateliê Amarelo o artista
é obrigado a interagir porque ele mora no local. Essa
é uma forma de potencializar a arte”, acredita
Spinelli. Segundo ele, o processo de criação
de um artista plástico é, muitas vezes, solitário.
O ateliê, assim, é uma forma de romper com isso.
O artista não tem lições a serem feitas,
tem a liberdade de sair da casa para conhecer a cidade e pode
organizar seu próprio horário de trabalho. “Nossa
orientação é em relação
à dinâmica da casa, dando orientações
de leituras, dialogando com os trabalhos em andamento”,
revela Spinelli.
“Minha experiência foi bem interessante.”
Quem afirma é Fernado
Piola, 24 anos, participante da primeira edição
do Ateliê Amarelo, em 2005. “A casa é um
espaço aberto ao público, então a comunidade
da Luz freqüenta o local.” Há troca de experiências,
dessa forma, não fica restrita aos artistas e curadores.
Cada artista tem a meta de concluir seu projeto inicial (o
qual que pode ser mudado-adaptado-transformado no período
de, digamos, internato), para que no final do módulo,
em dezembro seja exposto. “Mas, a exposição
é permanente”, lembra Spinelli, “já
que o espaço é aberto ao público todos
os dias”.
“O fato de o ateliê ser aberto inverte a lógica
que conhecemos, na qual as pessoas vão até o
museu para ver o trabalho final de um artista. Lá no
ateliê elas podem presenciar a elaboração
e construção de uma obra”, diz Piola.
Henrique Oliveira e Márcio Donasci são outros
nomes que se destacaram em edições anteriores.
Intervenção
O projeto que Piola elaborou no período em que estava
no Ateliê Amarelo pode, agora, ser executado. “A
Praça Vermelha é um trabalho de arte pública”,
conta ele sobre sua proposta de intervir por meio de plantas
vermelhas resistentes à chuva que devem ser instaladas
na praça descuidada que fica em frente ao ateliê,
localizado na rua General Osório.
Com o apoio da Prefeitura de São Paulo, Piola diz
ter conseguido um patrocínio para executar sua idéia.
As flores e plantas vermelhas são uma forma de homenagear
aqueles que sofreram com a ditadura militar. A praça
fica próxima do ex-Deops.
Para obter informações sobre o prazo para participar
da seleção, entre no site : www.cultura.sp.gov.br
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