João
Batista Jr.
Com a briga entre policiais e parte do público durante
o show dos Racionais MCs na Virada Cultural, foi colocado
em xeque o teor das músicas dos rappers como forma
simplista de justificar o incidente. Vale, portanto, lembrar
que vários integrantes do movimento hip hop atuam em
comunidades carentes, transformando realidades e dando oportunidades
aos jovens de encontrar na arte uma forma de expressão.
Um bom exemplo é a Casa do Hip Hop, em Diadema, entidade
que atua com jovens carentes em várias frentes. “Trabalhamos
com os quatro elementos da cultura hip hop: rap, grafitti,
DJ e a dança de rua”, informa a coordenadora
Maria Láudia Oliveira. “Atendemos umas 25 pessoas
por linguagem em aulas ministradas três vezes por semana”.
Fundado em 1999, o projeto nasceu da procura dos jovens por
uma ocupação artística. “Procuramos
direcionar os alunos de verdade. Depois de iniciar as atividades,
muitos voltam a estudar. Já teve caso de pessoas que
partiram para uma faculdade”.
Arte retransmitida
Além disso, os alunos da Casa têm grande probabilidade
de se tornarem arte-educadores, como revela MC Levy, coordenador
da ONG Zulu Nation Brasil. “Além dos quatro elementos
do hip hop, a Zulu também ensina consciência
cidadã”. A entidade prepara educadores para ensinar
de forma adequada o hip hop para comunidades carentes.
“Eles são oficinandos que se transformam em
oficinários, ou seja, arte-educadores. São eles
que ministram as aulas. Além do aprendizado, existe
uma discussão sobre a cultura que vem das ruas”,
afirma Levy, que além de MC também é
assessor da prefeitura de Diadema.
A cultura do hip hop transforma as comunidades de forma eficaz.
“O trabalho dá entidade cultural para a comunidade
e eleva sua estima. Eles começam, então, a fazer
ações para a comunidade. São situações
de fruição cultural e de afastamento do que
é negativo”.
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