Karina
Costa
especial para o GD
Uma creche com playground, um centro
cultural contendo espaço para oficinas, quadra poliesportiva,
salas de cinema e teatro e uma escola de cursos técnicos
do Centro Paula Souza. Quem vai receber o investimento, nos
próximos meses, é a favela de Heliópolis,
na zona sul de São Paulo. A política pública
educacional foi anunciada em primeira mão pelo secretário
municipal de Educação, Alexandre Schneider,
durante o Seminário Cidades Sem Muros - Construção
de Comunidades de Aprendizagem, promovido pela Cidade Escola
Aprendiz.
Segundo ele, será um projeto parecido com o Centro
Educacional Unificado (CEU). Desenhado voluntariamente pelo
arquiteto Ruy Ohtake, o ambiente integrará a Escola
Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Presidente Campos Salles
aos espaços educacionais a serem construídos.
O local se transformará numa espécie de rua
fechada, não permitindo o fluxo de carros. "O
projeto será uma grande praça de educação
da comunidade," explica Schneider.
"A criança faz um ciclo de passar pela creche,
pela escola de educação infantil, pela escola
municipal e ainda poderá fazer curso técnico-profissionalizante,
cujas especialidades serão decididas juntamente com
a comunidade. O interessante é que esses estudantes
têm a chance de sair desse processo com garantia de
emprego," comemora o fundador da Cidade Escola Aprendiz,
Gilberto Dimenstein.
A interação entre escola e comunidade já
acontece em Heliópolis
desde 1999. As ações passam sempre pela educação
com o objetivo de diminuir os índices de violência.
Liderada pelo diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Presidente Campos Salles desde 1995, Braz Rodrigues Nogueira,
as intervenções fizeram com que os índices
de violência diminuíssem em 50%, entre os anos
de 2001 e 2005.
"Fazemos todo ano uma caminhada em defesa da paz, com
adesão de cerca de 15 mil pessoas. Nas salas de aula,
os alunos sentam-se em grupos para se conhecerem, criarem
autonomia e responsabilidade. A escola deve ser um centro
de formação de lideranças", comenta
Nogueira. "Criamos também um projeto de monitoria
em que levamos a escola para fora da sala de aula para que
os alunos conheçam e se apropriem da comunidade a que
pertencem. A qualidade só acontece quando a escola
está, de fato, integrada à comunidade",
acredita.
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