Erika
Vieira
Avizinhar, de acordo com o dicionário significa “pôr
perto, aproximar-se”, e é isso que educadores
estão fazendo com o campus oeste da USP (Universidade
de São Paulo). A Cidade Universitária tem se
aproximado das crianças, que moram no entorno, através
do Programa Avizinhar.
Cercada pela favela São Remo e a do Jaguaré,
a universidade passa ter entre seus habitantes crianças
carentes dessas comunidades. “Na maior parte das vezes
as crianças vêm ao campus para brincar”,
diz a educadora Beatriz Rocha, responsável pelo programa
junto com Martha Delbuque Pimenta. Grande parte desses jovens
encontra-se em situação de vulnerabilidade,
para direcionar e auxilia-los a aproveitar as atividades que
a universidade oferece existe o Avizinhar.
Nada funciona de maneira rígida e autoritária,
a relação criada entre os educadores e as crianças
começa a ser construída no espaço que
freqüentam, ou seja, as ruas da Cidade Universitária.
A partir daí são convidadas a conhecerem os
museus que existem lá dentro, os centros de cultura,
salas de informática, o clube de esportes e o cinema.
“Não colocamos as atividades como obrigação,
com dia e hora marcada. A coisa é feita informalmente,
combinamos assim: ‘amanhã você passa lá’,
às vezes elas furam, mas normalmente vão”,
conta Beatriz.
Com isso, passa a ser criado o hábito de visitar as
exposições de arte, a praticar atividades esportivas
e educativas, ao invés de ficarem o dia inteiro ociosos.
“A questão não é tirar as crianças
do campus, mas como elas utilizam esse espaço”,
fala.
O programa existe há nove anos, concebido pelo reitor
na época Jacques Marcovitch, para amenizar a relação
conflituosa entre os estudantes, professores e funcionários
da USP com a comunidade vizinha. “Hoje com o programa
o conflito é menos. Isso acontece por causa do olhar
que as pessoas tem sobre as crianças em situação
de risco. Aqui é uma micro-situação do
que acontece nas ruas de São Paulo”, explica
Beatriz.
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