O presidente
do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em São
Paulo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está
correto ao propor metas de crescimento para o país
a serem perseguidas como a meta de inflação,
conforme defendeu em entrevista ao GLOBO. Segundo Meirelles,
o crescimento deve ser o objetivo de toda a sociedade, e ao
BC, que não seria o responsável por esta meta,
caberia, como colaboração, manter as estabilidades
monetária e de preços.
"O presidente está na linha absolutamente correta.
É exatamente isso que o Brasil precisa nesse momento.
Na verdade, o que o presidente está dizendo é
que, além da meta de inflação, que o
Banco Central persegue, é necessário que o país
tenha objetivo de crescimento, que extrapola em muito o Banco
Central", disse Meirelles, que fez palestra na manhã
de ontem no fórum “Líderes da mudança”,
promovido pelo Hospital Albert Einstein.
Ao mesmo tempo em que defendeu a idéia de uma meta
para o crescimento nacional, o presidente do BC alertou que
esse objetivo extrapola o que é feito pelo Banco Central.
"Além da meta de inflação que o
Banco Central persegue, é necessário que o país
tenha um objetivo de crescimento que extrapole e, em muito,
o BC", disse Meirelles.
Objetivos
Como ainda não está decidida a forma
como seria a estrutura de funcionamento desta meta pretendida
pelo presidente Lula, Meirelles disse que o assunto ainda
está sendo discutido no âmbito do governo, mas
observou que alguns pontos já estão prontos.
"Algumas normas já estão definidas, exatamente
aquilo que está no site do Ministério da Fazenda
e que foi dito pelo ministro Antonio Palocci no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social. Mas, como o presidente
Lula afirmou com clareza, é uma coisa que estamos discutindo,
não tem ainda a forma final".
Em palestra diante de uma platéia composta principalmente
por médicos, Meirelles classificou como “dilema
falso” a opção entre inflação
baixa e crescimento e afirmou que não há crescimento
sustentado com inflação alta:
'Não há experiência de país que
tenha alcançado crescimento sustentado com inflação
elevada. Não existe dicotomia entre escolher uma inflação
baixa ou crescer mais".
Meirelles disse que “muita gente” tem diagnóstico
diferente para a área fiscal, defendendo a tese de
que para crescer mais o governo precisa abrir mão do
superávit primário, garantindo assim mais recursos
para financiar o desenvolvimento.
ADAURI AANTUNES BARBOSA
do Globo Online
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