Rodrigo
Zavala
espcial para o GD
Em um país onde mais de 58% das crianças e adolescentes
de 10 a 17 anos morrem todos os anos vítimas da violência,
uma campanha nacional de conscientização não
é suficiente para amenizar o problema. Conscientes
de que não se trata apenas de uma questão legislativa,
representantes da sociedade civil, do governo brasileiro e
de entidades internacionais se reúnem em São
Paulo para criar plataforma de enfrentamento, que unirá
esforços articulados para combater a violência
contra essa população.
Liderada pelo Unicef, a Consulta Nacional sobre Violência
Contra a Criança e o Adolescente, que ocorre entre
os dias 23 e 25 de agosto, no Memorial da América Latina,
na capital Paulista, é um dos mais importantes pólos
de discussão e apontamento de políticas públicas
para enfrentar o problema. "Estamos unidos pela preocupação
que cada criança cresça sem violência.
Não podemos mais admitir que o Brasil tenha baixado
a taxa de mortalidade infantil por doenças, mas ainda
deixe milhares morrerem vítimas dos mais variados crimes",
explica a representante da Unicef no Brasil, Marie-Pierre
Poirier.
Um dos termômetros que demonstram a importância
do evento é a participação das mais importantes
instituições internacionais na preparação
das propostas. Trabalhando de forma integrada nos grupos de
discussão estão, além da Unicef, representantes
da ONU (Organização das Nações
Unidas), da OIT (Organização Internacional do
Trabalho), do PNUD (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), da OPAS (Organização
Pan-Americana da Saúde), do Unifem (Fundo de Desenvolvimento
das Nações Unidas para a Mulher) e da Unesco
(Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura).
Em âmbito nacional, a responsabilidade - uma das palavras
de ordem do evento - dos trabalhos cabe aos ministérios
da Justiça, Saúde e Educação,
à Frente Parlamentar pelos Direitos das Crianças
e dos Adolescentes, o Conanda, além de núcleos
de pesquisa de universidades, fundações e instituições
do Terceiro Setor. "Propostas levadas por esforço
da sociedade civil são mais consistentes do que aquelas
criadas pelos parlamentares", afirmou o Ministro Chefe
da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Soares Dulci,
durante a abertura do evento.
As dinâmicas para os trabalhos foram divididas em oito
temas centrais, em que se discutirão as faces mais
perversas da violência, que afeta crianças e
adolescentes: seja ela doméstica, institucional, comunitária,
sexual, racial e étnica, ou no trabalho, na escola
e na mídia. "A violência não se conhece
por meio de pesquisas ou da mídia, mas de nossa vivência.
Temos que defender ações em que sejamos autores
e atores de políticas", observou Beatriz Caetano,
representante do segmento jovem do evento, abrindo as atividades
da Consulta.
O evento integra o conjunto das ações nacionais
de mobilização para o tema da Violência
contra a criança e o adolescente que estão sendo
executadas no contexto da preparação do Estudo
Mundial sobre Violência, liderado pelo Secretário-Geral
das Nações Unidas, Kofi Annan. Esse estudo é
uma análise mundial sobre violência que se baseia
em pesquisas e informações relevantes já
existentes sobre as formas, causas e impacto da violência
que afeta a população infanto-juvenil.
O objetivo do estudo é promover ações
que impeçam e eliminem a violência contra essa
população em nível internacional, regional,
nacional e local.
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