Por
Fernanda Murachovsky
especial para o GD
Quase a metade (45%) dos alunos de escolas públicas
brasileiras afirmam que não conseguem se concentrar
nas aulas por conta da violência na escola. Esse é
um dos dados da pesquisa de Miriam Abramovay, revelados durante
uma das mesas redondas da Consulta Nacional sobre Violência
contra a Criança e o Adolescente, que ocorreu de 23
a 25 de agosto no Parlamento Latino-Americano (SP).
De acordo com a pesquisadora da Unesco, "na escola,
tanto os alunos como os professores são vítimas".
Todos eles estão sujeitos à violência,
não só à física, mas também
à institucional (por exemplo, o professor que falta),
simbólica (humilhação ou até apelidos,
decorrentes de relações hierárquicas)
ou às chamadas microviolências (atos de incivilidade),
a forma mais comum, considerada, em geral, sem importância.
Dados de 2003 mostram que 20% dos estudantes já agrediram
colegas, e que 20 mil jovens já entraram com armas
de fogo dentro da escola. Fatores internos e externos contribuem
para essa situação, mas, de acordo com a palestrante,
ela é fruto de um processo de massificação,
no qual a instituição se ampliou e começou
a receber um número maior de alunos. Em função
disso, não há espaço para a escola escutar
o adolescente e para que este fale de seus problemas.
Nesse sentido, a proposta de Ricardo Henriques, titular da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade (Secad/MEC) e participante do evento, é
transformar a escola numa rede sócio-pedagógica,
na qual se promova, além do ensino, o aspecto social.
É preciso ainda reconhecer a importância da diversidade
como meio de melhora do ensino, incentivando sua manifestação.
O secretário sugere, assim, uma instituição
com abertura para a família, que saiba valorizar, além
dos conteúdos universais, os saberes locais.
|