Carolina Lopes
A Câmara Municipal de São Paulo iniciou a semana
com uma atividade inovadora. De 06 a 08 de março, a
casa do povo sediou o 1º Fórum da Cidade de São
Paulo – “Caminhos do Milênio”. A atividade
é o primeiro passo do poder municipal ao encontro das
8 metas do milênio, traçadas pela ONU.
A proposta do evento é aproximar o poder público
da sociedade civil, por meio da comunidade acadêmica
e de entidades não-governamentais, como o próprio
Programa Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) - parceiro da Câmara nessa atividade –,
rumo a melhorias na cidade de São Paulo e ao seu desenvolvimento.
Para tanto, o município, através da “carta
da cidade de São Paulo”, aderiu à
proposta do PNUD e se comprometeu a trabalhar sob a orientação
das metas. Essas fazem parte da congruência de um trabalho
internacional que se desdobrou em 8 metas comuns a serem alcançadas
pelos países do globo terrestre. São elas: 1.
erradicar a extrema pobreza e a fome; 2. atingir o ensino
básico universal; 3. promover a igualdade entre os
sexos e a autonomia das mulheres; 4. reduzir a mortalidade
infantil; 5. melhorar a saúde materna; 6. combater
o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7. garantir
a sustentabilidade ambiental e 8. estabelecer uma parceria
mundial para o desenvolvimento.
Deliberações práticas nesse sentido
estão previstas apenas para maio, quando os envolvidos
se encontrarão novamente, após dois meses de
afinamento de propostas. Guilherme de Almeida, coordenador
de direitos humanos do PNUD e um dos palestrantes, no entanto,
comemora a aproximação: “o fato da Câmara
estar sediando o evento é um grande passo. Ainda não
temos nada estabelecido, mas o Fórum é um norte
dos compromissos da cidade”, explica.
Com uma apresentação bastante teórica,
Almeida defendeu em sua palestra - no segundo dia de atividade
- que a sociedade se aproprie de dados e pesquisas produzidos
por órgãos como o PNUD, que buscam identificar
as regiões mais carentes e as suas respectivas necessidades.
“É lá que o poder público deve
intervir”, defende. Maria Salete Tomioka, coordenadora
da Subprefeitura do Ipiranga deu continuidade à fala
de Almeida. Disse que, com informações detalhadas
a respeito da comunidade em que é responsável,
pôde diagnosticar necessidades e fazer as devidas intenções,
de modo que regiões mais críticas já
estão apresentando resultados positivos. A comunidade
de Heliópolis foi um dos exemplos da coordenadora.
A favela - que é a maior da cidade - com o apoio do
poder público, da articulação comunitária
e da iniciativa privada hoje é referência de
projetos sociais.
Os principais temas abordados nas atividades foram: sustentabilidade
ambiental, estratégias do poder público, parcerias
para o desenvolvimento, erradicação da pobreza,
saúde, educação e gênero (no dia
8, dia internacional da mulher).
Brasileira
é representante das 8 Metas do Milênio chega
ao país
Meio Ambiente se destaca entre as Metas
Erika Vieira
“Por definição todos nós somos
animais políticos”. Foi baseado neste pensamento
de Aristóteles que o consultor ambiental, José
de Ávila Coimbra, apresentou seu diagnóstico
de Sustentabilidade Ambiental para a cidade de São
Paulo, durante o 1º Fórum da Cidade de São
Paulo – “Caminhos do Milênio”. Coimbra
se remeteu ao filosofo grego para mostrar que os problemas
ambientais da cidade serão resolvidos de forma satisfatória
quando a sociedade intervir junto com o poder público,
para encontrar soluções que promovam um desenvolvimento
harmônico entre o econômico e os recursos da natureza.
Afinal, todos os cidadãos têm responsabilidade
política com o município que habitam.
Para adequar as condições de vida ambiental
do paulistano às metas propostas pelo PNUD, é
preciso resolver três problemas foco: integrar os princípios
de desenvolvimento sustentável nas políticas
públicas, melhorar o saneamento básico e distribuição
de água potável, e até 2020 conseguir
obter uma melhoria significativa da vida de 100 milhões
de habitantes de bairros degradados.
No balanço geral São Paulo apresenta índices
bons. Nossa cidade possui 33% do território coberto
por maciços florestais, índice acima do regulamentado
como área protegida de 22,38%. Além disso, também
se destaca quando comparado com Nova Iorque com apenas 17%
e Chicago com 11%. Quanto à distribuição
de água potável, a Sabesp indica que quase 100%
da população recebem água tratada, porém
falta regularizar o abastecimento. Já o esgoto canalizado
atende a mais de 90% da comunidade, mas o problema é
ser lançado nos rios, comprometendo as bacias hidrográficas.
No requisito de melhorar os bairros degradados fazendo que
até em 2015 o número de favelas seja reduzida.
“O governo tem que tomar medidas para suprir questões
burocráticas de moradia. Um sujeito não pode
pagar um financiamento de 10 anos e no final estar devendo
mais que no começo”, diz o professor do Núcleo
de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Faculdade
de Arquitetura/USP, Geraldo Gomes Serra, mediador do Fórum.
Mas, o maior desafio é dar um destino saudável
ao lixo. Hoje a cidade utiliza dois aterros sanitários
(aterro Bandeirantes e São João) que já
atingem a capacidade máxima, em 2009 a prefeitura deve
disponibilizar novas maneiras de tratar os resíduos
sólidos.
”Em parceria com o meio acadêmico, instituições,
poder público e privado e ONGs, temos que encontrar
um caminho para seguir. Isso não se resolve em gabinete
de vereador”, fala João Salvador Furtado, integrante
do corpo de pesquisa da USP e do PROGESA (Programa de Educação
Sanitária e Ambiental).
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