Homem, com idade entre 41 e 55 anos,
oriundos das regiões do Sudeste e Nordeste do Brasil.
Ao contrário do que se imagina, muitos já trabalharam
no comércio formal, grande parte da construção
civil. Moram em casas e ganham de um a três salários-mínimos.Este
é um breve perfil dos carroceiros de São Paulo,
feito com base em 500 entrevistas elaboradas pela Prefeitura
de São Paulo, por intermédio da Secretaria Municipal
do Trabalho. A análise tem por objetivo adequar o programa
social Tecendo Novos Caminhos a realidade dos quase 20 mil
carroceiros da cidade, segundo o Movimento Nacional dos Carroceiros.
Após reuniões com lideranças dos carroceiros
das regiões do Brás e Mooca, a equipe do programa
Tecendo Novos Caminhos decidiu elaborar um questionário
que levasse em conta os problemas de saúde dos carroceiros.
A análise não tinha o objetivo de ser um diagnóstico,
mas sim uma observação dos entrevistadores.
Para realizar a pesquisa, foram selecionados estagiários
que trabalharam em duplas durante os meses de julho e agosto.
O levantamento dos locais para aplicação foi
feito em parceria com as Subprefeituras e com as Supervisões
de Assistência Social, que já conheciam locais
de concentração. De acordo com um universo de
20 mil carroceiros, foram feitos 500 questionários
garantindo a representação de 2,5% da população.
Segundo a Projetiva Pesquisa, esta porcentagem garante a confiabilidade
de 95%.
Perfil do Carroceiros
Entre os nove pontos de concentração
dos carroceiros na cidade, as regiões do Centro e Lapa
aparecem como as principais com 32% e 29% respectivamente.
O motivo é a alta quantidade de resíduos jogados
nas ruas nestes pontos. Entre os que são recolhidos
pelos carroceiros destacam-se plástico, metal e papel,
53% e tecidos e outros com 17%.
Apesar de existir uma representação feminina
no trabalho dos catadores, os homens são a maioria
desta população com 90% contra apenas 10% de
mulheres. Embora o trabalho exija esforço físico,
a coleta é feita por pessoas mais velhas com idade
entre 41 e 55 anos (48%) e 31 a 40 anos (27%). A escolaridade
é baixa e a maioria não completou o ensino fundamental:
4ª à 5ª série (25%) e 1ª à
3ª série (19%). Cerca de 60% afirmaram que gostariam
de trabalhar em grupo e apenas 36% disseram que preferem trabalhar
individualmente. O ganho médio no dia é de R$
6 a R$ 10 (28%) seguido de R$ 11 a R$ 15 (21%), possibilitando
uma renda de um a três salários-mínimos.
No entanto, a profissão para a maioria dos catadores
é nova. Grande parte dos carroceiros afirmam trabalhar
de quatro à nove anos na função (23%)
seguido de novatos, com até dois anos de experiência
como carroceiros (22%). Um dado surpreendente é a quantidade
de pessoas que já trabalharam com carteira assinada
(61%), sendo a maioria na construção civil (39%).
A região de origem dos carroceiros é a Sudeste
(50%) seguida do Nordeste (45%). A maioria nasceu em São
Paulo (23%) e o restante fixou moradia na cidade há
pelo menos 10 anos (10%) e 16 a 20 anos (10%). Outro ponto
interessante verificado na análise é o local
de residência dos carroceiros. Grande parte reside em
casas (55%) e apenas a minoria mora na rua (23%) ou em albergues
(14%). O local de moradia coincide com o de trabalho: 36%
residem no Centro e 15% na Zona Sul. Dos entrevistados, 77%
não apresentaram nenhum problema de saúde física,
mental ou vícios.
Tecendo novos caminhos
O projeto Tecendo Novos Caminhos vem sendo reformulado
nos últimos meses pelo programa de Desenvolvimento
Local, da Secretaria Municipal do Trabalho. A principal mudança
é que agora o projeto visa incentivar o empreendedorismo
e a auto-sustentabilidade dos carroceiros, capacitando-os
na área têxtil.
Ao invés de vender às indústrias de
reciclagem o lixo coletado (restos de tecido e papelão)
a idéia é que os resíduos sirvam de matéria-prima
para a confecção e comercialização
de roupas, artesanatos e outros produtos. Para a realização
desta nova fase, a Prefeitura de São Paulo vem buscando
parcerias com a iniciativa privada e terceiro setor.
O projeto será composto de quatro módulos que
compreenderão, entre outras, aulas técnicas
de costura, artesanato, reciclagem; sistema de gestão
empresarial e noções básicas de microcrédito.
As informações são da Prefeitura de São
Paulo.
|