Erika Vieira
O Hospital do Câncer AC Camargo, na cidade de São
Paulo, é o único do país a ter uma escola
que funciona dentro do próprio instituto, voltada para
crianças e adolescentes. A Escola Especializada Schwester
Heine fica instalada no setor da pediatria. Trabalha com os
pacientes a fim de fazer um acompanhamento escolar que os
possibilite a dar continuidade ao aprendizado obtido na escola
de origem da criança, amenizando assim o processo doloroso
do tratamento.
"Mais do que máquinas precisamos de humanidade,
mais do que inteligência precisamos de afeição
e doçura", baseada nesse principio de Charles
Chaplin que o projeto é desenvolvido. Além de
ensinamento pedagógico a escola se dedica a disseminar
carinho e afeto, estimulando a capacidade de recuperação
dos pequenos pacientes.
A escola é composta por 10 professores da rede municipal
e dois da estadual. Criada em 1987 - fruto de um convênio
firmado entre a Fundação Antonio Prudente, a
Prefeitura do Município de São Paulo e a Secretaria
Estadual de Educação do Estado - recebeu o nome
em homenagem a enfermeira alemã Heine, da Cruz Vermelha
na década de 40, que conscientizava seus pacientes
sobre a importância da educação.
Os professores trabalham para que os alunos não se
desliguem da vida escolar que tinham antes de serem internados.
Facilitando a readaptação quando retornam para
casa ao fim do tratamento. Para isso, fazem acompanhamento
diário das atividades escolares, excursões,
festas e reunião de pais, tudo igual ao que tem na
escola convencional.
No quinto andar da pediatria a escola atende as crianças
de tratamento em estágio agudo, desenvolvendo atividades
lúdicas, pedagógicas e acompanhamento escolar.
As disciplinas bases ensinadas são português,
matemática, ciências e assuntos temáticos
como meio ambiente, copa do mundo, folclore e eleições.
Os educadores intercalam a cada brincadeira uma tarefa escolar.
Já na unidade da oftalmologia a atenção
é dada para a pré-alfabetização,
pois a maioria dos pacientes são menores de seis anos.
Os atendidos nesse setor têm o campo visual afetado,
sendo necessário que os professores trabalhem com atividades
que estimulem cada vez mais o tato e a percepção.
Como resultado disso, as crianças criaram um dicionário
com todos os objetos que são usados na enfermaria de
oftalmologia. O ensino é feito em parceria com o Laramara
(Associação Brasileira de Assistência
ao Deficiente Visual).
Para descontrair o clima de tensão da sala de espera
foi criada a brinquedoteca. Enquanto aguardam o agendamento
do atendimento ambulatorial os professores distraem e educam
simultaneamente.
Além de educar a escola estimula os jovens a não
perderem a paixão pela vida. O resultado positivo disso,
por exemplo, são três adolescentes que montaram
uma banda dentro do hospital. Essa escola não tem férias
e todos os alunos gostam de participar.
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