IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Torcendo para que não se repita a chuva que marcou o concerto ao ar livre da orquestra por aqui, em 98, a Sinfônica de Heidelberg se apresenta hoje no Ibirapuera.
"Gosto de tocar ao ar livre por causa da sinergia da nossa música com a outra música, a da natureza, da fala das pessoas, dos pássaros e dos aviões", diz o regente Thomas Fey, 42, que criou o grupo em 93, mesclando sua experiência com a música antiga (foi aluno de Nikolaus Harnoncourt) e instrumentos modernos.
Entre os 40 musicistas que vêm ao Brasil, os naipes de cordas trazem artefatos modernos, enquanto sopros e percussão utilizam instrumentos de época.
O estilo, de acordo com o regente, também se aproxima da escola de interpretação de música antiga: "Vibrato está quase proibido, porque, no tempo de Mozart, era só um ornamento. Articulação e tempos também estão o mais próximo possível da interpretação "histórica'".
A discografia da orquestra, pelo selo alemão Hänssler, concentra-se no classicismo vienense, sendo esse o repertório que o grupo mostra aqui: a apresentação de hoje traz aberturas de Mozart ("Così Fan Tutte") e Beethoven ("As Criaturas de Prometeu") e duas sinfonias de Haydn (nº 102 e nº 103).
Amanhã, com cobrança de ingressos, na Sala São Paulo, dentro da série de assinaturas do Mozarteum Brasileiro, a Sinfônica de Heidelberg recebe como convidado o pianista mineiro Nelson Freire, 58, que sola no "Concerto nº 4", de Beethoven.
O pianista acaba de lançar pela gravadora Decca um disco exclusivamente dedicado a Chopin. O programa será complementado pela "Sinfonia nº 103", de Haydn, e pela abertura da ópera "Così Fan Tutte", de Mozart.
Outra opção musical para o domingo paulistano é o Quarteto Amazônia, integrado por Cláudio Cruz (1º violino), Igor Sarudiansky (2º violino), Horácio Schaefer (viola) e Alceu Reis (violoncelo). Indicado ao Grammy Awards de 2002 pelo CD "Adiós Nonino" (Kuarup), dedicado a Piazzolla, o grupo toca obras de Mozart e Schumann na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano.