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Atual animação espelha anos 80
DO COLUNISTA DA FOLHA
A atual animação noturna de
clubbers e rockers encontra espelho na década de 80, quando de
dia se discutia as performances no
Atari, tentava-se sobreviver no
Pacman, melhorar no cubo mágico. Mas, à noite, vestindo uma calça Soft Machine, era a vez de sair
para a balada. Se o número de opções de clubes era menor naquela
época e a busca de informação
musical era mais complicada, a
vibração era a mesma.
A correspondência é tanta que
hoje, dentro da cena eletrorock,
um forte revival dos anos 80 encontra lugar para lotadas casas
que tocam as músicas de 20 anos
de idade.
Isso explica o sucesso de noites
como a Trash 80's (centro) e a do
Projeto Autobahn (Pinheiros), e
da recém-inaugurada Discology
(um resgate mais eletrônico, que
chega até os anos 70).
"A prova de que hoje está tão
bom para sair quanto nos anos 80
é a aceitação do público de hoje ao
som daquela época, o que explica
essa moda atual das músicas e
bandas que existiam há 20 anos",
diz Kid Vinil. "Se você for comparar, o público que vai a essas casas
de anos 80 hoje é praticamente o
mesmo que ouve coisas atuais e
vai à Lov.e ou à Funhouse", analisa o radialista, que em 2003 discoteca no Trip Dancing Bar e já tocou no Madame Satã dos 80.
O princípio
Lá nos anos 80, no princípio era
o Gallery. E o Victoria Pub. E só.
Depois veio a onda das danceterias, em 83, com o Rose BomBom,
o Radar Tantã e o Rádio Clube.
Com exceção do Rose Bom-Bom, que era um clube pequeno,
os outros dois arrastavam multidões para dançar. O Radar Tantã
abrigava shows de bandas novas
nos 80 e costumava levar 2.000
pessoas, em um sábado, para
dançar e ver ao vivo iniciantes como Lobão e os Ronaldos, Os Paralamas do Sucesso.
"Era a época da new wave. Ao
tocar Devo, B-52's, Police e Pretenders na pista, o lugar virava
uma loucura", lembra Kid Vinil.
Logo em seguida veio a segmentação e os clubes mais específicos.
O Madame Satã para a vanguarda, o Napalm para os mais punks,
e o Rose Bom-Bom ia levando
som moderno para gente mais
abastada. Como está acontecendo
hoje, com o público de rock mais
aberto à eletrônica e vice-versa,
nos 80 era comum frequentar casas de estilos diferentes.
Nos anos 90, o rock era saboreado ao gosto do som alternativo
americano, da revolução grunge e
do levante indie inglês. Mas quem
tirou mesmo os jovens de casa foi
a cena eletrônica. Agora não.
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