São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003 |
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ARTES CÊNICAS Grupo realiza mostra de espetáculos de danças populares e teatro de rua convidados no elevado Costa e Silva Feijão transforma Minhocão em palco
PEDRO IVO DUBRA FREE-LANCE PARA A FOLHA Reconhecida, em especial por sua última peça, "Mire Veja", pelo diálogo que nutre com a atribulada realidade paulistana, a Cia. do Feijão acirra os seus vínculos urbanos a partir de hoje. "Cultura Popular no Minhocão", mostra pelo grupo organizada, com sete espetáculos convidados, ocupa aos domingos, até o Dia da Independência, um pedaço do elevado Costa e Silva, popularmente chamado de Minhocão, na região central. Pedro Pires, 36, diretor da companhia, tem uma explicação para a escolha do local: "O Minhocão é o maior desastre arquitetônico da cidade e quiçá do mundo, matou todo um pedaço de São Paulo. Um de nossos objetivos é contribuir para que se revitalize a área. E, já que há "aquilo", vamos colocar algo em cima dele, para oferecer à população da região um acesso à cultura". Um dos projetos apresentados pelo grupo para a obtenção dos recursos da Lei de Fomento, a iniciativa abarca uma programação que se pretende dupla. "Fixamos dois eixos: um mais ligado às manifestações tradicionais, outro às contemporâneas." Assim, há criações que se nutrem de fontes populares -o grupo Sambaqui, por exemplo, tem inspiração no samba de bumbo- e trabalhos calcados no teatro de rua contemporâneo, tais quais "Parada de Rua", do Lume, ou "A Farsa do Monumento", do Tablado de Arruar. Já a cia. Circo Branco, para Pires, estabelece uma linguagem híbrida, apoiando-se na tradição religiosa amparada por um tratamento moderno. Hoje, parte das proximidades do Teatro de Arena Eugênio Kusnet (r. Teodoro Baima, 94, tel. 3256-9463) o cortejo de "Auto do Bumba-Meu-Boi", do grupo Cupuaçu. No elevado, é encenado "Birosca-Bral", com direção de Tiche Vianna, que mescla hip hop e commedia dell'arte. Além de reavivar, pelo menos por algumas horas, uma região degradada, a intenção da Cia. do Feijão é aprofundar, direta e indiretamente, com as apresentações, a pesquisa que realiza para a elaboração de sua nova peça, programada para março de 2004 e baseada nas danças dramáticas brasileiras, entre as quais figura a provável eleita entre as tantas estudadas, o bumba-meu-boi. "Essas manifestações são muito apuradas. Partiremos desse material para buscar uma maneira de contar uma história de hoje. Vamos investigar o indivíduo. Em "Mire Veja", havia o movimento da cidade para o homem. Agora a gente quer aprofundar o humano", afirma o encenador. Oficinas e seminários devem acontecer nos próximos meses. Em paralelo, serão remontados os espetáculos "O Ó da Viagem" e "Antigo 1850". Também continua a temporada de "Mire Veja". Texto Anterior: Atual animação espelha anos 80 Próximo Texto: Cinema: Zurlini realiza busca pela verdadeira afeição Índice |
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