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Lula mantém apadrinhados de políticos da oposição
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O governo de Luiz Inácio Lula
da Silva mantém em cargos federais de segundo e terceiro escalões
nos Estados dezenas de apadrinhados de políticos que apoiaram
Fernando Henrique Cardoso em
seus oito anos de mandato.
Essa estratégia tem garantido a
Lula apoios formais de partidos e
individuais de parlamentares que
sempre estiveram no campo político oposto ao PT. Mas, por outro
lado, tem desagradado a aliados
que apoiaram o petista na eleição
presidencial e que ainda não foram agraciados com cargos.
Boa parte dos atuais aliados de
Lula mudaram de partido para
permanecerem na base aliada e,
com isso, conservarem sua influência. Mas outros políticos
conservaram seus cargos mesmo
tendo permanecido em siglas que
se opõem ao governo, como
PSDB e PFL. É o caso do senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), rival histórico do PT, que
mantém nas mãos de afilhados
políticos ao menos 14 cargos federais na Bahia. Dez deles mantêm
os postos desde o governo FHC.
Outra pefelista, a senadora Roseana Sarney (MA), também tem
em suas mãos ao menos cinco
cargos federais em seu Estado.
Em troca da manutenção dos
apadrinhados, ACM e Roseana
trabalham para fazer com que ao
menos a metade da bancada do
PFL no Congresso vote a favor
das reformas do governo no Congresso Nacional.
PSDB
O Planalto também usa a mesma estratégia com o PSDB. Líder
da bancada dissidente tucana na
Câmara, Salvador Zimbaldi (SP)
conseguiu manter um correligionário na direção-financeira de
Furnas Centrais Elétricas. Zimbaldi responde a processo no
Conselho de Ética do PSDB acusado de tentar aliciar parlamentares para votar com o governo.
A estratégia de manutenção de
cargos também foi usada para
atrair para a base governista o
PMDB e o PP. Um dos maiores
defensores do apoio ao governo, o
líder peemedebista no Senado,
Renan Calheiros (AL), conseguiu
deixar em seus postos quatro aliados de seu Estado. Seus colegas de
bancada Gerson Camata (ES),
Ney Suassuna (PB), José Maranhão (PB), José Sarney (AP), Maguito Vilela (GO) e Ramez Tebet
(MS) também ganharão sua fatia
da máquina federal.
Do PP (antigo PPB), conseguiram cargos os deputados José Janene (PR), Pedro Henry (MT),
Mário Negromonte (BA) e Pedro
Corrêa (PE), entre outros.
Preocupado com a reação de
antigos aliados, como PL, PSB,
PPS e PC do B, ao agrado aos novos parceiros, Lula deve se reunir
com líderes e presidentes de partidos que o apoiaram na eleição
nesta semana em Brasília. O presidente dirá que não há privilégio
e que, no máximo em dois meses,
todos as siglas que o apóiam terão
seus pleitos atendidos.
(OTÁVIO CABRAL)
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