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Sertanejos adotam até "rodízio"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAULISTANA (PI)
A dificuldade cada vez maior de
obter água no sertão nordestino
obrigou os sertanejos das áreas
mais críticas do semi-árido do
Piauí a instituir uma espécie de
"rodízio de banhos". O sistema
permite que cada pessoa da família
tome apenas um banho por semana, exceto em situações especiais,
como viagens para compra ou
venda de produtos na cidade.
Na casa de Josias Ezequiel Pereira, 72, na zona rural de Paulistana,
o rodízio de banhos foi implantado há quatro meses, com o agravamento da seca na região. Pereira
divide sua casa, que foi transformada em escola municipal, com
22 parentes, entre mulher, filhos,
genros, noras e netos. Das 23 pessoas, 14 são crianças com menos
de 14 anos de idade.
A escola, batizada de Novamorada, mantém 29 alunos, sendo 6 da
família de Pereira. A mulher dele,
Carmina Josefa, 63, administra tudo: cozinha para a família, faz a
merenda e cuida do estoque de
água da casa. Ela usa cerca de 180
litros por dia. Para isso, duas filhas
dela são obrigadas a andar 12 quilômetros duas vezes por dia para
buscar o produto em um barreiro.
As mulheres puxam o jumento
que carrega os cinco galões de 18 litros trazidos em cada viagem. Os
homens da casa saem em busca de
trabalho na roça ou catam lenha
no mato para cozinhar.
"Antes a gente conseguia guardar água aqui na cacimba e dava
para tomar banho quase todo dia.
Agora, não", diz Carmina.
Mesmo assim, a quantidade de
água é racionada. Uma bacia cheia
tem de ser suficiente. Há famílias
que usam outra bacia para reaproveitar a água que cai. "Aqui em casa, não", diz. "A água bate na pedra e vai embora pelo chão."
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