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TRANSIÇÃO
Partido pretende priorizar as reformas tributária e da Previdência
PT terá "agenda restrita" no Congresso no ano que vem
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O PT vai se concentrar em uma
"agenda restrita" de reformas no
Congresso no ano que vem, baseada na mudança nos sistemas
tributário e previdenciário.
A estratégia é fechar o leque e
direcionar os esforços a medidas
de grande impacto econômico,
evitando a dispersão de energia
em áreas menos urgentes, como
reforma política e do Judiciário.
Sobre estas últimas, o PT promete iniciar logo um processo de
discussão, para tornar o debate no
Congresso menos vinculado à
questão econômica. Não há, no
entanto, a perspectiva de aprovação de medidas concretas no curto prazo. O anti-exemplo citado
dentro do partido é o do presidente Fernando Henrique Cardoso, que enviou no início de seu
mandato um pacote de reformas,
mas, na avaliação petista, perdeu-se e acabou conseguindo implementar completamente só as mudanças de abertura da economia.
"Não temos uma agenda mínima, é uma agenda focada. Tentar
aprovar 30 coisas ao mesmo tempo, como fez o FHC, é não conseguir aprovar nada. Isso inclusive
desmoraliza o Congresso", diz o
vice-líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro.
O objetivo relativamente modesto vem da constatação de que
nas áreas consideradas prioritárias pelo próximo governo -tributária e previdenciária- a resistência a mudanças é grande.
O próprio modelo proposto pelo governo eleito de negociação,
com a criação de grandes acordos
nacionais, em que medidas legislativas só serão tomadas após a
formação de "amplas maiorias",
deverá tornar o processo mais
lento. A estratégia petista é começar a agenda de reformas por mudanças infraconstitucionais na
área tributária, como a desoneração de exportações e fim da cumulatividade de impostos, que
poderiam ser aprovadas já no primeiro semestre.
Na segunda metade do ano, seria a vez de medidas mais complexas, com mudanças no Imposto
de Renda e no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços), que poderão requerer
emendas constitucionais. "É absolutamente prioritário liquidar a
reforma tributária no primeiro
ano de governo", diz o deputado
Ricardo Berzoini (PT-SP).
Paralelamente, correria a tramitação da reforma previdenciária,
em que a principal medida proposta é a unificação dos sistemas
de contribuição pública e privada.
Na área trabalhista, que seria
uma espécie de "terceiro pilar"
das reformas defendidas por Lula
para a retomada do crescimento
econômico, não são esperadas
medidas concretas para 2003.
O que deve ocorrer é o início de
um processo de discussão -em
um fórum reunindo trabalhadores, empregadores e governo-
da reforma da legislação trabalhista e sindical. A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, medida que tem a resistência de empresários, só será
eventualmente implantada após
um longo processo de negociação, avaliam os petistas.
Outras reformas
Lula também prometeu, durante a campanha, priorizar a reforma agrária, mas poucas medidas
nessa área dependem de mudanças na legislação.
Quanto à reforma política, a
perspectiva é que acabe ganhando
fôlego na segunda metade do
mandato, a concretizar-se o cenário otimista dos petistas de que as
medidas tributárias e previdenciárias já terão sido aprovadas em
2003. "Todas as áreas receberão
atenção no primeiro ano, mas obviamente há uma hierarquia. A
reforma política não é tão importante no momento como a previdenciária", diz o senador Tião
Viana (PT-AC).
Mas petistas alertam para o risco de restringir demais a agenda.
"Seria um erro falar só de reforma
tributária e previdenciária no primeiro ano", diz o deputado federal José Genoino (SP).
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