São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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Presidente do PT não quer colega na Secretaria Geral da Presidência

Dirceu articula para não dividir poder com Genoino

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, administra um nó na articulação política para fechar de vez o núcleo petista que terá no Palácio do Planalto e compor com os aliados o resto da equipe. Lula corre contra o tempo, pois deseja anunciar seu ministério antes da viagem de 10 de dezembro aos Estados Unidos.
Já decidido a nomear o presidente do PT, o deputado federal José Dirceu, para a Casa Civil, Lula pensou em colocar José Genoino, deputado federal e candidato derrotado ao governo paulista, na Secretaria Geral da Presidência. Assim, os dois fariam dupla na relação com o Congresso. Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição, comandará a Fazenda, e Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal e senador eleito, herdará a pasta da Educação.
Segundo a Folha apurou, Dirceu acha inconveniente a ida de Genoino para o cargo. Motivo: teme que venha a ocorrer uma duplicidade de poder, enfraquecendo sua posição na negociação com os aliados e a oposição. Ele prefere que seja escolhido para a Secretaria Geral da Presidência um nome de perfil mais discreto e de menor projeção pública do que Genoino, parlamentar com muito trânsito no Congresso. Esse nome é o de Luiz Dulci, secretário-geral do PT.
No PT, lembra-se que no início do primeiro mandato de FHC o ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos, vivia em choque com Eduardo Jorge, secretário-geral da Presidência e homem da confiança de FHC que administrava a concessão dos cargos aos aliados.

Comando único
Dirceu quer comando único na articulação política. Daí Lula estuda o que fazer com Genoino. Uma possibilidade é convidá-lo para a Secretaria de Segurança Pública. Mas Genoino não quer. Preferiria até ser presidente do PT, posto para o qual também são cotados Dulci e o senador José Eduardo Dutra, que perdeu no segundo turno a eleição para o governo de Sergipe.
O comando único de Dirceu na articulação política passa pela eleição do atual líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), para presidente da Câmara. Dirceu recusou ser candidato ao posto, disse preferir integrar o governo e deve bancar João Paulo como candidato do PT ao cargo.
João Paulo, que virou líder do PT devido ao apoio de Dirceu, é tido como político da esfera de influência do virtual chefe da Casa Civil. Críticos de Dirceu dizem que ele quer o atual líder do PT no comando da Câmara para controlar melhor a articulação política.
Lula, porém, não decidiu o destino de Genoino, político que gostaria de levar para o ministério. O presidente eleito, por exemplo, não gostou da versão difundida na campanha de que Dirceu seria um superministro. A versão voltou a ganhar força após o imbróglio Dirceu-Genoino e deve influenciar sua decisão.
Esse imbróglio está atrasando a nomeação dos ministérios dos aliados, apesar de Lula já ter feito diversos convites, principalmente para os postos em que deseja ter petistas de sua confiança ou personalidades importantes.



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