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Presidente do PT não quer colega na Secretaria Geral da Presidência
Dirceu articula para não dividir poder com Genoino
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, administra um nó
na articulação política para fechar
de vez o núcleo petista que terá no
Palácio do Planalto e compor com
os aliados o resto da equipe. Lula
corre contra o tempo, pois deseja
anunciar seu ministério antes da
viagem de 10 de dezembro aos Estados Unidos.
Já decidido a nomear o presidente do PT, o deputado federal
José Dirceu, para a Casa Civil, Lula pensou em colocar José Genoino, deputado federal e candidato
derrotado ao governo paulista, na
Secretaria Geral da Presidência.
Assim, os dois fariam dupla na relação com o Congresso. Antônio
Palocci Filho, coordenador da
equipe de transição, comandará a
Fazenda, e Cristovam Buarque,
ex-governador do Distrito Federal e senador eleito, herdará a pasta da Educação.
Segundo a Folha apurou, Dirceu acha inconveniente a ida de
Genoino para o cargo. Motivo: teme que venha a ocorrer uma duplicidade de poder, enfraquecendo sua posição na negociação
com os aliados e a oposição. Ele
prefere que seja escolhido para a
Secretaria Geral da Presidência
um nome de perfil mais discreto e
de menor projeção pública do que
Genoino, parlamentar com muito
trânsito no Congresso. Esse nome
é o de Luiz Dulci, secretário-geral
do PT.
No PT, lembra-se que no início
do primeiro mandato de FHC o
ministro de Assuntos Políticos,
Luiz Carlos Santos, vivia em choque com Eduardo Jorge, secretário-geral da Presidência e homem
da confiança de FHC que administrava a concessão dos cargos
aos aliados.
Comando único
Dirceu quer comando único na
articulação política. Daí Lula estuda o que fazer com Genoino. Uma
possibilidade é convidá-lo para a
Secretaria de Segurança Pública.
Mas Genoino não quer. Preferiria
até ser presidente do PT, posto
para o qual também são cotados
Dulci e o senador José Eduardo
Dutra, que perdeu no segundo
turno a eleição para o governo de
Sergipe.
O comando único de Dirceu na
articulação política passa pela
eleição do atual líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), para presidente da Câmara. Dirceu
recusou ser candidato ao posto,
disse preferir integrar o governo e
deve bancar João Paulo como
candidato do PT ao cargo.
João Paulo, que virou líder do
PT devido ao apoio de Dirceu, é
tido como político da esfera de influência do virtual chefe da Casa
Civil. Críticos de Dirceu dizem
que ele quer o atual líder do PT no
comando da Câmara para controlar melhor a articulação política.
Lula, porém, não decidiu o destino de Genoino, político que gostaria de levar para o ministério. O
presidente eleito, por exemplo,
não gostou da versão difundida
na campanha de que Dirceu seria
um superministro. A versão voltou a ganhar força após o imbróglio Dirceu-Genoino e deve influenciar sua decisão.
Esse imbróglio está atrasando a
nomeação dos ministérios dos
aliados, apesar de Lula já ter feito
diversos convites, principalmente
para os postos em que deseja ter
petistas de sua confiança ou personalidades importantes.
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