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Relatório critica atuação do ex-petista Weffort, que deixou o partido para assumir ministério desde o primeiro mandato
FHC fez gestão neoliberal na cultura, diz PT
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que, sob o
comando do ministro e ex-petista, Francisco Weffort, o Ministério da Cultura subordinou sua
matéria-prima de trabalho "ao
modelo de gestão "neoliberal" que
imperou como concepção geral"
no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A cultura foi analisada pelo grupo de políticas sociais da equipe
de transição, coordenado pelo
médico Humberto Costa. De
acordo com a análise feita nas últimas semanas, "o discurso e a
prática do enxugamento do Estado não permitiram ao MinC desenvolver uma política de Estado,
transferindo a maior parte dessa
política para o "mercado" através
da Lei Rouanet".
Essa lei é de 1991 e estabelece incentivos fiscais a quem investe em
cultura. O limite de descontos
permitidos às empresas foi aumentado em 1995, durante o primeiro ano de mandato de Fernando Henrique.
Na gestão tucana, teriam sido
captados R$ 2 bilhões por meio
das leis de incentivos fiscais. No
mesmo período, o governo registra gastos públicos federais de R$
746 milhões na área.
Crítica
O relatório da transição é bastante crítico em relação aos incentivos. À página 13 do relatório,
diz-se: "é importante destacar que
os recursos da renúncia fiscal, na
sua maior parte, são provenientes
das empresas estatais, portanto,
duplamente públicos". Mas não
são apontadas alternativas.
Segundo o diagnóstico, as dificuldades do ministério foram
acentuadas na gestão do ex-presidente Fernando Collor de Mello
(1990-1992), que transformou a
pasta em secretaria vinculada à
Presidência.
Na análise do PT, a mudança teria sido feita por vingança ao setor
cultural brasileiro, que havia
apoiado em peso o candidato Lula na eleição de 1989.
Outra crítica presente no relatório é ao isolamento da política de
cultura em relação às demais
ações de governo.
"Houve pouquíssimas ações
culturais integradas com educação, aspecto esse muito enfatizado em nosso [do PT" programa
de governo", diz o documento a
que a Folha teve acesso.
No projeto Monumenta, que se
destina à recuperação de sítios urbanos, a equipe de transição detectou "problemas de ordem política, técnica e administrativa".
Exclusão
Na opinião da equipe de transição petista, cidades históricas, como Belém (PA) e São Luís (MA),
foram excluídas do programa por
razões político-partidárias.
Essas duas capitais são administradas por partidos de oposição
ao atual governo (PT e PDT) e,
ainda segundo os petistas, teriam
deixado de ser beneficiadas por
influência dos governadores dos
respectivos Estados, de partidos
da base de sustentação do atual
governo -o Pará é governado
por Almir Gabriel do PSDB e o
Maranhão, pelo pefelista José Reinaldo Tavares.
O relatório da transição também se ocupa da cultura popular.
Nesse departamento, aparece
uma das medidas de impacto que
a equipe sugere que Lula adote
nos primeiros dias de governo: a
criação de um Instituto de Artes e
Tradições Brasileiras.
Incorporação
O novo órgão incorporaria o
CNFCP (Conselho Nacional do
Folclore e Cultura Popular) e o
Programa Nacional de Patrimônio Imaterial.
Segundo o relatório da equipe
de transição, a criação deste Instituto sinalizaria o reconhecimento
do novo governo às tradições brasileiras, colocadas em segundo
plano pelas políticas públicas de
patrimônio.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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