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Diretor da Embrapa afirma que rejeição do partido a transgênicos traz prejuízos econômicos e de saúde pública ao país
PT optou por empresas agroquímicas, diz pesquisador
RAFAEL CARIELLO
DA REDAÇÃO
O pesquisador da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) Luiz Antônio Barreto afirma que "o PT está fazendo uma opção pelas empresas
agroquímicas [fabricantes de
agrotóxicos e pesticidas"" ao se
colocar contra a comercialização
de transgênicos no país.
A posição do partido, defendida
"sem dogmatismo", foi reiterada
pelo coordenador do Fome Zero,
José Graziano, à Folha, em matéria que domingo passado revelou
o lobby liderado pelo governo dos
EUA para reintroduzir a discussão sobre o uso de transgênicos
no país associado ao apoio ao
programa de combate à fome.
Segundo o pesquisador, essa
opção do governo eleito trará prejuízos econômicos e de saúde pública para o país. Barreto coordena o Centro Nacional de Recursos
Genéticos e de Biotecnologia (Cenargen), da Embrapa.
A empresa desenvolve um tipo
de soja transgênica adaptada a climas tropicais, em associação com
a Monsanto, multinacional da
área de biotecnologia que participa do lobby liderado pelo governo dos EUA.
Desde 98 que, por decisão judicial, os organismos geneticamente modificados não podem ser comercializados no Brasil.
"O Lula é contra os transgênicos
e a favor dos agroquímicos. E não
tem jeito: é um ou outro [que deve
ser utilizado para a produção de
alimentos e produtos agrícolas"",
diz Barreto.
Para ele, a vantagem econômica
do uso de transgênicos está no barateamento da produção agrícola,
resultado da necessidade de uso
menos intensivo de agrotóxicos.
A soja transgênica, por exemplo,
tem um gene -inexistente na soja "natural"- que a protege de
um tipo específico e potente de
agrotóxico. Por isso, segundo o
pesquisador, seria necessário menor número de aplicações, mais
eficientes e menos custosas.
A fabricação do tal agrotóxico
mais potente é feita pela própria
Monsanto, que desenvolveu o gene de resistência para a soja.
Com a proibição, diz Barreto,
por dificuldades para competir
com produtores de transgênicos
que gastariam menos com agroquímicos, "o mercado de sementes do Brasil pode quebrar".
"Proibir a solução biológica é entregar o ouro ao bandido."
Por ter sido menos exposto a
produtos químicos, o organismo
geneticamente modificado seria
menos danoso à saúde, afirma
Barreto. Ele atribui a opção do PT
à "paranóia e ao medo" que a sociedade tem de gigantes multinacionais como a Monsanto.
A associação entre a multinacional e a Embrapa, para Mariana
Paolli, coordenadora do Greenpeace no Brasil para temas de engenharia genética, "explica o envolvimento da empresa [Embrapa" na campanha a favor dos
transgênicos".
Gerson Teixeira, um dos coordenadores da área de agricultura
do programa de governo do PT,
afirma que "a posição do PT é claramente contrária ao uso de
transgênicos" por um princípio
de precaução. "Trata-se de uma
substância potencialmente lesiva", afirma.
Teixeira afirma que, quando
Barreto alega que o PT fez uma
opção pelos agroquímicos, "é um
escapismo mal-intencionado".
"Ao contrário, nos transgênicos
de resistência o consumo de agrotóxicos aumenta muitas vezes. E
se estabelece uma dependência de
uma marca específica, no caso da
soja, fabricada pela Monsanto."
Ele também contesta os supostos benefícios econômicos da
"opção biológica". "Até por uma
lógica de mercado, o Brasil tem
que ser contra. Nosso mercado de
venda de soja para a China está
ameaçado por causa do uso [irregular] de transgênico no Sul."
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