DA AGÊNCIA FOLHA, EM SERRA PELADA

Os garimpeiros de Serra Pelada temem pelo que possa acontecer após a saída dos 250 soldados do Comando de Operações Especiais da PM do Pará, que ocuparam o garimpo no último dia 22.
Desde então, a PM implantou a lei seca e passou a revistar todos os veículos que entram e saem da área. Foram apreendidas cerca de 150 armas brancas.
Três grupos rivais disputam o comando da cooperativa e envolveram cerca de 12.000 garimpeiros nessa empreitada. Eles divergem entre o número de garimpeiros do quadro de associados que vão escolher o próximo presidente em julho de 2004.
Além disso, o grupo que liderar a cooperativa deve ganhar cerca de R$ 108 milhões no próximo ano referente à sobra do ouro extraído do garimpo e retida pela União antes de seu fechamento definitivo. Todo esse dinheiro terá de ser investido em obras pela cooperativa.
A tensão agravou-se no garimpo depois que um grupo de 4.000 garimpeiros tentou retornar para Serra Pelada, mas foi impedido pelo grupo rival, liderado pelo prefeito Sebastião Curió (PMDB).
Estes 4.000 que permaneceram acampados por 12 dias na estrada que dá acesso ao garimpo e só puderam entrar com a presença de 600 soldados do Exército e da tropa da Polícia Militar.
Há três semanas, o clima piorou com o assassinato do presidente do Sindicatos dos Garimpeiros de Serra Pelada, Antônio Clênio Lemos, na sede da entidade a tiros.
Curió é ex-agente do extinto SNI (Serviço Nacional de Inteligência) e coronel reformado do Exército. Ele ficou conhecido no início da década de 70 como "major Curió", quando participou da investida militar na Guerrilha do Araguaia, na região do Bico do Papagaio, na divisa entre Tocantins, Maranhão e Pará.
"Estes garimpeiros que voltaram abandonaram Serra Pelada e agora querem voltar com as mesmas condições que os cerca de 6.000 que permaneceram aqui desde o início até hoje. Isto não é justo", disse. (MS)


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