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Em posição estratégica, agente se torna curinga
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre juízes federais, delegados
e até um corregedor-chefe, um
simples agente federal assumiu,
segundo o Ministério Público Federal, um papel decisivo para o
funcionamento de uma organização criminosa responsável por
venda de sentenças judiciais, entre outros crimes.
O agente César Herman Rodriguez foi, entre os oito presos e os
três juízes federais denunciados, o
que recebeu maior número de
acusações. Foram sete denúncias
-formação de quadrilha, falsidade ideológica (por duas vezes),
peculato, prevaricação, corrupção passiva e interceptação ilegal
de telefone-, o que mostraria,
segundo os procuradores, uma
atuação diversificada no grupo.
Rodriguez estaria em um local
estratégico -era cedido para o
gabinete do juiz João Carlos da
Rocha Mattos- e todas as negociações passariam por ele. Na denúncia da Procuradoria e na decisão da desembargadora do Tribunal Regional Federal Therezinha
Cazerta -na qual foi determinada a prisão temporária por cinco
dias de Rodriguez e de outras sete
pessoas-, o agente foi destaque.
Sua participação é citada, por
exemplo, em um relaxamento de
uma prisão em flagrante ocorrida
no aeroporto internacional de
Guarulhos mediante falsificação
de documentos. Rocha Mattos
também se envolveu no caso, segundo a Procuradoria.
Rodriguez atuaria ainda, segundo a denúncia, no contrabando de
motos e de anabolizantes. Além
de supostamente trabalhar na
"obtenção de peças processuais",
ele é citado como participante de
um esquema de empréstimo de
armas apreendidas em processo.
O agente também teria ligação
com os juízes Ali Mazloum e Cassem Mazloum. Na representação
de policiais rodoviários federais,
Ali Mazloum teria cometido os
crimes de ameaça e abuso de poder ao tentar saber se o seu telefone e o de Rodriguez estariam
grampeados.
As gravações também teriam
mostrado, segundo a desembargadora, um agente violento, que
teria "matado oito pessoas". Ele
também estaria envolvido na detenção de devedores de "clientes".
Os juízes negam as denúncias e
a existência de um esquema criminoso. A PF de São Paulo disse
que não falaria a respeito nem informa se o agente tem advogado.
O presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Armando Coelho Neto, que
defende a inocência dos delegados envolvidos no caso, disse que
o agente já foi expulso da PF depois de uma sindicância, mas voltou por uma decisão judicial.
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