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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Marta apresenta programa detalhado, mas excede orçamento sem citar fonte de verba
DA REPORTAGEM LOCAL
As propostas para três áreas
centrais da administração
-saúde, educação e trânsito-
apresentadas até agora pela
candidata Marta Suplicy (PT)
têm alto nível de detalhamento, mas não cabem nos atuais
orçamentos desses setores.
Na área da saúde, o eixo do
programa é a construção de 31 a
35 "policlínicas", que seu adversário Geraldo Alckmin
(PSDB) chama de "centros de
especialidades". São estruturas
que pretendem dar conta do alto déficit no atendimento de
pessoas que precisam de oftalmologistas, pediatras, urologistas, neurologistas, entre outros.
Na campanha de 2004, quando tentava a reeleição, Marta
batizou tal projeto de CEU Saúde. O custo para entregar essas
clínicas em pleno funcionamento, no prazo de dois anos, é
estimado em R$ 420 milhões.
A ex-prefeita também promete construir, até o fim de
2011, hospitais em Brasilândia
e Jaçanã, na zona norte, e em
Parelheiros, na zona sul. Eles
têm custo estimado de R$ 120
milhões, R$ 100 milhões e R$
65 milhões, respectivamente.
Levado em conta o cronograma, só no primeiro ano de uma
eventual nova gestão de Marta,
a prefeitura teria de desembolsar cerca de R$ 305 milhões,
valor superior aos R$ 186 milhões que o orçamento municipal reservou no início deste ano
para investimento na saúde.
Na área da educação, a promessa de construir 20 novos
CEUs (Centros Educacionais
Unificados), a um preço unitário de R$ 25 milhões, cabe dentro das previsões de investimento do atual orçamento.
Mas, na área de trânsito e
transporte, também existe descompasso. Se levar a cabo sua
proposta de destinar R$ 490
milhões anuais dos cofres municipais às obras do metrô, sob
responsabilidade estadual, e de
construir 218 km de corredores
de ônibus até 2012, com investimentos de R$ 670 milhões ao
ano, vai faltar dinheiro.
À Secretaria Municipal de
Transportes foram destinados
este ano cerca de R$ 421 milhões para novos projetos, só
36% do que Marta pretende
gastar em 2009 caso se eleja.
Tanto na área de transportes
como na da saúde, nem mesmo
os aumentos de arrecadação
projetados para o orçamento
do ano que vem dariam conta
das promessas, se mantidas as
mesmas proporções entre as
verbas de investimento e custeio das pastas desses setores.
Marta vem realizando seminários temáticos com especialistas. O PT diz que vem preparando o programa mesmo antes de ela deixar o Turismo.
A coordenação de campanha
da ex-prefeita afirma que a
eventual escassez de recursos
poderá ser compensada com
apoios do governo federal, como ocorreu na construção dos
corredores no final de sua última gestão. Segundo petistas, há
disposição do governo em participar dos investimentos nos
corredores por causa do plano
de mobilidade urbana projetado para a Copa de 2014.
"Tradicionalmente, o prefeito, ou a prefeita, tem margem
de remanejamento do orçamento", informou a coordenação de campanha de Marta, referindo-se à peça do ano que
vem, a cargo da atual gestão.
A partir de 2010, o orçamento será elaborado pelo próximo
prefeito, o que permitiria a
Marta turbinar as áreas de saúde e transportes. A campanha,
no entanto, não diz qual setor
perderá dinheiro para que a
operação se concretize.
(CC)
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