São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diretor da PF vai ao STF para apresentar delegados do caso

Presidente do Supremo, Gilmar Mendes foi avisado que será ouvido como testemunha durante a investigação do grampo

William Morad, que irá liderar o inquérito, é chefe da divisão de combate a crimes fazendários e homem de confiança de Corrêa


FELIPE SELIGMAN
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, apresentou ontem à cúpula do STF (Supremo Tribunal Federal) os delegados responsáveis pelo inquérito que vai investigar o grampo que interceptou conversa entre o presidente da corte, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Corrêa também avisou a Mendes que ele será ouvido como testemunha durante a investigação.
Como presidente do Supremo Tribunal Federal, ele poderá marcar a data e o local. Assim como ele, outras autoridades citadas na reportagem da revista "Veja" desta semana, como os ministros José Múcio (Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil), por exemplo, também deverão ser ouvidos, conforme relatou o chefe da PF a Gilmar Mendes.
Ainda na reunião ontem, Corrêa disse que a primeira linha de investigação que deverá ser seguida é tentar relacionar os grampos ilegais recentemente divulgados à Operação Satiagraha, ocorrida em julho. Nela foram presos Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Dias depois, Mendes mandou soltar Dantas por duas vezes, gerando mal-estar no Judiciário e na relação com o Executivo.
Estiveram também na reunião o diretor-executivo da PF, Romero Menezes, os diretores Daniel Lorenz (Inteligência) e Roberto Troncon (Combate ao Crime Organizado) e os delegados Rômulo Berredo e William Morad. Este será o principal responsável pela investigação.
Na PF há cinco anos, Morad está em Brasília há não mais de um ano. É chefe da divisão de combate a crimes fazendários e está subordinado a Berredo, homem de confiança de Corrêa (já chefiou o seu gabinete) e que foi destacado para ajudar Morad na condução do inquérito.
"Viemos aqui para demonstrar que a polícia está preparada para fazer uma investigação na medida do que a sociedade espera, e também pedir um apoio e, se ele entender, designar alguém para acompanhar [investigações]", disse Corrêa.
Ficou acertado que técnicos da Secretaria de Segurança do STF, que realizam constantes varreduras no tribunal, deverão se encontrar nos próximos dias com técnicos da PF.
Além dos depoimentos, a PF deverá contar com o auxílio do INC (Instituto Nacional de Criminalística) para tentar identificar de quem partiu a ordem do grampo e como ele foi feito. A análise ficará a cargo do departamento de audiovisual.
Segundo investigadores contaram à Folha, é "muito difícil", nesse tipo de caso, chegar a um laudo conclusivo, que identifique responsáveis. De acordo com um deles, tudo depende da condição do grampo (não localizado) e de como foi gravado.


Texto Anterior: Advogado de Dantas diz que vai interpelar Felix judicialmente
Próximo Texto: Protógenes devolve chaves de dois carros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.