São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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"Conversei com o Steinbruch em meu apartamento"

DO EDITOR DO PAINEL S.A.

O ex-ministro Luiz Carlos de Mendonça de Barros confirmou ontem por telefone à Folha ter sido procurado pelo empresário Benjamin Steinbruch com a informação de que estaria sendo pressionado a pagar uma suposta propina ao empresário Ricardo Sérgio de Oliveira e ao consultor Miguel Ethel na época da privatização da Vale do Rio Doce.
Mendonça de Barros diz que levou o assunto ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A história do suposto achaque circulou em diversos escritórios do governo um ano depois da privatização da Vale do Rio Doce, mas logo foi abafada. O caso sempre foi mantido em sigilo pelo governo.
Quase cinco anos depois da privatização da Vale, Mendonça de Barros, na época presidente do BNDES, decide agora trazer à tona um dos temas mais explosivos do país.
No período da privatização da siderúrgica, Mendonça de Barros era amigo de Ricardo Sérgio de Oliveira. Reuniram-se várias vezes para falar sobre o negócio. A amizade só foi desfeita na privatização da Telebrás, em 1998. Os dois ficaram em lado opostos na venda.

Folha -O sr. confirma a existência da suposta propina na privatização da Vale?
Luiz Carlos Mendonça de Barros
-Não, sobre isso eu não posso dizer nada. O que eu disse é que esse assunto chegou ao meu conhecimento.

Folha -O sr. soube da existência da suposta propina por Benjamin Steinbruch?
Mendonça de Barros
-Ele esteve comigo no meu apartamento para me dizer que estava sendo pressionado a pagar comissão de 15 milhões (reais ou dólares) a Ricardo Sérgio de Oliveira e Miguel Ethel.

Folha -O sr. sabe se o pagamento foi feito?
Mendonça de Barros
-Não, depois não tive mais notícias sobre isso.

Folha -O sr. levou isso a mais gente do governo? O presidente soube disso?
Mendonça de Barros
-Sim.


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