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Colarinho branco exige mais rigor, diz Fonteles
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-procurador-geral da
República Cláudio Fonteles,
62, anunciou sua aposentadoria ontem. Deixa o Ministério
Público Federal, onde atuou
durante 35 anos, afirmando
que os tribunais superiores deveriam ser mais rigorosos nos
julgamentos envolvendo crimes de colarinho branco.
"A sociedade brasileira está
desprotegida e brutalmente
sangrada pelo crime de colarinho branco. Esses criminosos
têm de ser punidos, têm de ir
para a cadeia. Eu gostaria que
houvesse resposta mais efetiva,
principalmente das Cortes superiores", afirmou Fonteles.
"Louvo muito os magistrados dos primeiro e segundo
graus, que têm dado resposta
serena contra a malversação do
dinheiro público que deveria ir
para escolas e hospitais." Ele
defende o aprofundamento da
"cultura do trabalho contínuo e
conjunto da Polícia Federal e
do Ministério Público Federal".
Fonteles foi o responsável
pela criação da força-tarefa
CC5, no final dos anos 90, que
antecedeu o caso Banestado, levando a numerosas condenações e seqüestros de bens.
Criticado ao assumir o cargo,
no governo Lula, por haver desmontado o Gaeld (grupo de
procuradores que trocavam experiências sobre o combate à
lavagem de dinheiro), Fonteles
afirmou que promoveu uma
"mudança de filosofia" na Procuradoria e estreitou os contatos com todas as equipes que
atuavam na área criminal.
"Pela primeira vez, houve
uma integração com outros órgãos. Surgiu a Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) e foram criadas as varas especializadas para julgar esses
crimes. O resultado foram as
operações da Polícia Federal, a
partir de 2003", afirmou.
Sucessor de Geraldo Brindeiro, que ganhou a imagem de
"engavetador" de processos, no
governo FHC, Fonteles tornou-se, durante sua gestão, a
"voz única" da Procuradoria.
Apagou os refletores de procuradores mais expostos à mídia,
como Luiz Francisco de Souza,
que pregava uma "simbiose"
entre o Ministério Público e a
imprensa. Essa tese foi condenada por Fonteles em trabalho
oferecido durante encontro nacional de procuradores.
Fonteles poderia ficar na
Procuradoria Geral da República até os 70 anos. Católico,
franciscano, alimentou polêmica por sua posição contrária ao
uso de células-tronco em pesquisas. Diz que "está deixando
definitivamente o mundo jurídico". Não vai atuar como advogado. Vai se dedicar aos estudos
de teologia e a atender comunidades de dependentes químicos. Está com a agenda cheia
para proferir palestras.
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