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PT X PT
Por uma vaga de candidato a governador ou a senador, estrelas do partido já disputam espaço e preocupam presidente
Eleição de 2006 gera atrito entre petistas
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Com três anos de antecedência,
a disputa eleitoral de 2006 já provoca uma séria crise no PT de São
Paulo. As principais estrelas do
partido, a maioria delas ocupando cargos de destaque no atual
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, já travam uma intensa luta
de bastidores por espaço que garanta uma vaga de candidato a
governador ou a senador pelo
partido.
A disputa já preocupa o presidente da República, que teme que
o seu governo possa ser prejudicado. Em conversas reservadas
com alguns dos envolvidos, Lula
declarou que a preocupação imediata de todos tem de ser com o
sucesso do governo federal. Se esse projeto de poder fracassar, todos vão ter dificuldades nas próximas eleições.
O caso que mais preocupa o Planalto e a cúpula petista é a troca de
cotoveladas entre o ministro José
Dirceu (Casa Civil) e o líder do governo no Congresso, o senador
Aloizio Mercadante.
Embora oficialmente tanto um
quanto outro neguem qualquer
desavença, nos bastidores a relação dos dois está tumultuada.
Um exemplo foi a negociação
com a bancada do PT e com a
oposição para a aprovação em
primeiro turno do Projeto de
Emenda à Constituição que permite a regulamentação do artigo
192, que trata do mercado financeiro. Dirceu e Mercadante atuaram ao mesmo tempo, sem coordenação, confundindo os seus interlocutores.
Outro caso foi a negociação para a entrada do PMDB na base governista, há duas semanas. Quando Mercadante já dava tudo como
certo, foi desautorizado por Dirceu, que disse aos peemedebistas
que o líder no Congresso negociava sem autorização do Palácio do
Planalto.
Reforma no Senado
Mais grave, na avaliação da cúpula petista, foi a tentativa de
Mercadante de levar o início da
tramitação da reforma tributária
para o Senado. De acordo com a
Constituição, propostas enviadas
pelo Poder Executivo devem chegar ao Congresso pela Câmara
dos Deputados.
Para o Planalto, o objetivo do
senador era se tornar o "pai da reforma" e conseguir uma bandeira
eleitoral. Ao mesmo tempo, empurraria a desgastante reforma da
Previdência para seu desafeto
João Paulo Cunha, presidente da
Câmara e aliado de Dirceu.
"Se você conversar com o Dirceu e depois com o Aloizio parece
que está falando com pessoas de
governos diferentes. O objetivo de
um é enfraquecer o outro", relata
um dirigente petista.
O objetivo de José Dirceu é disputar o governo de São Paulo ou o
Senado. Para se viabilizar, aliou-se a José Genoino, presidente do
PT. O ministro firmou um pacto
com Genoino de que não disputará prévias contra ele. Se o presidente da sigla for candidato a governador, o ministro da Casa Civil
disputaria o Senado.
Vendo o rival se aparelhar, Mercadante se uniu ao senador
Eduardo Suplicy. O líder quer ser
candidato a governador e promete trabalhar para Suplicy tentar
renovar seu mandato no Senado.
Ao mesmo tempo, incentiva o
congressista a disputar as prévias
para a Prefeitura de São Paulo
contra sua ex-mulher, a atual prefeita Marta Suplicy.
Outros nomes
O confronto fica ainda mais
acirrado porque outras lideranças
do PT também sonham disputar
o governo paulista. É o caso da
prefeita Marta.
Seu objetivo imediato, no entanto, é se reeleger para a prefeitura da capital paulista. Para pavimentar seu caminho seguinte, ela
quer retirar o atual vice, Hélio Bicudo, de sua chapa e substituí-lo
por alguém de confiança. Os mais
cotados são o deputado José Mentor, ex-líder de Marta no Legislativo paulistano, e o presidente da
Câmara Municipal, o vereador
Arselino Tatto.
Com um vice aliado, Marta
abriria mão de um segundo mandato na prefeitura de São Paulo na
metade para disputar o governo
estadual. Para isso, admite até disputar as prévias.
Outro petista influente no governo federal, o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) afirma estar fora da disputa. Em conversas
reservadas, Palocci afirma que
pretende ficar oito anos ao lado de
Lula e disputar a Presidência ou o
governo estadual em 2010. Mas
seus adversários apostam que, se
o ministro conseguir controlar a
economia e manter sua popularidade, tentará disputar o governo
já nas eleições de 2006.
Duas outras lideranças correm
por fora: João Paulo Cunha e o
presidente do Conselho de Segurança Alimentar, Luiz Marinho. A
princípio, os dois disputarão uma
das vagas de deputado federal em
2006. Mas ambos sonham ser
candidatos ao Senado caso os outros pretendentes não consigam
se viabilizar.
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