|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
As prontas providências
Os últimos dias da semana foram inundados por
uma torrente de declarações/
promessas formidáveis de José
Dirceu, Antonio Palocci, Luiz
Gushiken, Aloizio Mercadante e
outros símbolos do neopetismo.
Foi, e o provável é que continue
pelos próximos dias, o que se
chama de ação coordenada.
Por seu teor, as afirmações valem tanto quanto a comunicação feita por Lula, ao meio do
ano, de que ali começava a retomada do crescimento. Como
atitude, proporcionam, por si
sós, uma explicação de toda a
natureza do governo Lula.
O teor e a atitude decorreram
de que todos os reflexos da opinião pública -pesquisas, mídia, entrevistas populares e manifestações- reafirmam a unanimidade das preocupações nacionais com dois problemas: desemprego e criminalidade. Sobre o primeiro, o governo recebeu duas informações, uma indicando o agravamento em setores importantes de São Paulo
(São Paulo é o país do governo,
o resto são sobras inevitáveis), e
a outra confirmando por sondagem, mais uma vez, a crescente inquietação popular com
o desemprego. Como se esperaria, o governo reagiu de imediato.
E como se esperaria que um
governo respeitável reagisse a
tal situação? Por certo, em resumo, acionaria os ministros adequados -Fazenda, Trabalho,
Planejamento, Indústria, talvez
um ou outro mais- para definirem modos emergenciais de
provocar empregos e, como
complemento, um plano de prazo mais longo.
Como reagiu o governo Lula?
Convocou à Presidência um só,
que na concepção governamental vale por todos: Duda Mendonça.
E assim saiu Antonio Palocci
para uma reunião estimulante
com empresários (paulistas, é
claro). E o silencioso Luiz Gushiken saiu a comunicar "à população" que "o desenvolvimento vai se iniciar agora". E
José Dirceu a avisar que "o pau
vai comer" na universidade (a
pública, que a outra é bem protegida). E Aloizio Mercadante a
prometer benesses do Imposto
de Renda "para o ano que
vem". E por aí afora.
O assunto criminalidade recebeu tratamento mais simples,
porém tão próprio do governo
Lula quanto a convocação de
Duda Mendonça. As verbas esperadas pela Polícia Federal,
para intensificar a fase produtiva em que está, continuaram
trancafiadas, para engordar o
êxito poupador do ministro Antonio Palocci, que conta com
um grupo de policiais para lhe
dar segurança pessoal permanente.
No ar
Na competição para venda de
aviões de caça à FAB, negócio
em que os citados US$ 700 milhões são apenas o aperitivo,
um dos concorrentes conquistou, ou adquiriu, um apoio de
influência global, entendendo a
influência da TV na opinião
pública e, ainda maior, no comando do governo.
Até repórter já foi mandado à
fábrica na Suécia, para reportagens cuja exibição é de finalidade meramente "jornalística".
Risco
Não é recomendável levar
muito a sério as afirmações,
passadas ou renovadas, de que
foram destruídas as fitas de gravações ilegais em Santo André,
com diálogos telefônicos entre
pessoas citadas no caso Celso
Daniel.
A destruição, por se tratar de
material proveniente de "grampos" ilegais, foi decidida pelo
juiz Rocha Mattos, um dos presos da Operação Anaconda sob
acusação de venda de sentença
e outras excentricidades não só
judiciais.
A mesma destruição de fitas,
mesmo se comprovável, não se
precisa dar antes de providenciadas cópias.
Texto Anterior: Reformas: 1º turno da PEC paralela deve ocorrer no domingo Próximo Texto: Brasil profundo: Justiça nega pedido, e ex-governador de Roraima é libertado Índice
|