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SINDICALISMO
Metalúrgico diz que primeiro desafio é mobilizar sindicatos a contestar pontos da reforma da Previdência
Luiz Marinho é eleito presidente da CUT
SANDRA BALBI
VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Após três anos, a CUT (Central
Única dos Trabalhadores) volta a
ser presidida por um metalúrgico.
A chapa Unir a CUT, do candidato Luiz Marinho, 44, presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, elegeu-se ontem com 1.950
votos (74,6% do total) para um
mandato de três anos. A oposicionista CUT Independente e Democrática, definida apenas anteontem, obteve 661 votos -23,3%.
Maior central sindical do país, a
CUT diz ter cerca de 3.300 entidades filiadas e representar aproximadamente 22 milhões de trabalhadores.
A chapa de Marinho é formada
principalmente pela corrente Articulação Sindical, alinhada com a
tendência majoritária do PT. A
oposição é uma frente composta
pelas correntes de esquerda MTS
(Movimento por uma Tendência
Socialista) e Fortalecendo a CUT,
ligada aos "radicais" do PT.
Ao assumir o comando da central, das mãos do professor João
Felício, Marinho afirmou que o
primeiro desafio a ser enfrentado
pelos sindicatos filiados é a "mobilização dos trabalhadores para
obrigar o governo a abrir negociação para mudar pontos da reforma da Previdência que ferem os
interesses dos assalariados".
O líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), João Pedro Stedile, convocou os sindicalistas, ao final do
congresso, a "não gastar energia
fazendo oposição ao governo,
mas sim mobilizando os trabalhadores para fazer as mudanças que
o país precisa. O movimento social não pode cair no erro de ficar
esperando tudo do governo nem
fazer oposição sistemática".
Criticado pela oposição por ter
sido indicado por Lula para concorrer à presidência da CUT, Luiz
Marinho disse que vê com tranquilidade a relação da central com
o governo. Segundo ele, tal relação não será "adesista nem governista". "A central, em alguns momentos, apoiará de forma tranquila e transparente ações do governo, quando corresponderem
aos interesses dos trabalhadores."
(leia entrevista nesta página).
Um dos temas que deverão mobilizar a central é o debate sobre a
taxa de juros. "Vamos negociar
com banqueiros e empresários
para chegarmos à redução efetiva
das taxas de juros, até porque há
uma hipocrisia nesse debate."
Segundo Marinho, a taxa Selic é
aquela com que o governo remunera seus títulos, e há o juro real
praticado, que faz o consumidor
pagar mais de 100% ao ano, seja
no cartão ou no cheque especial.
"Se o governo continuar remunerando seus títulos em um patamar superior à lucratividade do
mundo produtivo, isso criará um
obstáculo à produção e um incentivo ao aumento do juro real."
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