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Envolvimento político é consequência
DA AGÊNCIA FOLHA
Alvo de investigação no Espírito Santo há mais de um ano, a infiltração do crime organizado nas
instâncias políticas estaduais voltou à cena depois que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Acre
tentou cassar a candidatura à reeleição do governador petista Jorge
Viana. Mesmo revogada, a decisão levantou suspeitas sobre a
isenção do órgão.
Jorge Viana se elegeu com a
bandeira da moralização, em
1998, quando o Estado acumulava
um histórico de violência política
e corrupção policial.
Liderado pelo deputado federal
cassado Hildebrando Paschoal,
condenado e preso, o "esquadrão
da morte" se legitimava dando
proteção a poderosos, conforme
trata o capítulo sobre a Amazônia
Ocidental da Unesco.
Segundo o pesquisador Roberto
Araújo, o poder local se formou
por meio do tráfico. O envolvimento político surgiu como consequência. "O caso do Acre permite destacar essa participação
das estruturas policiais nas atividades ilícitas e na distribuição urbana da droga com mais força."
A pesquisa também aponta para a substituição da economia formal por atividades ligadas ao tráfico de drogas nas cidades que
perfazem as rotas da droga com a
decadência do ciclo da borracha,
no final dos anos 80.
O secretário estadual de Segurança Pública do Acre, Cassiano
Marques, afirma que o Estado
combate o narcotráfico e o crime
organizado e amplia investimentos e fortalecendo ações.
"No Acre, como no restante do
Brasil, trabalhar em qualquer
uma das estruturas do tráfico de
entorpecentes é muito mais convidativo para a juventude que a
economia formal. Mas o combate
tem sido sistemático. O número
de prisões na Penitenciária de Rio
Branco subiu de 320, em 99, para
mais de 1.000 hoje. As detenções
por tráfico são proporcionais."
Segundo o porta-voz do governador José Bianco (PFL), Paulo
Queiroz Bezerra, de Rondônia, a
influência do tráfico que ainda
existe no Estado, citada na pesquisa, "é residual". "[O tráfico]
não chega a monopolizar a atenção da segurança local, divide o
mesmo patamar de outros problemas. O governo combate o
consumo no varejo, as fronteiras
são competência federal."
(AC)
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