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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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Na França, governo tem poder de veto contra ações de ex-ministros

EDUARDO SIMANTOB
ESPECIAL PARA A FOLHA

A atuação de magistrados que se aposentaram nas Cortes em que julgavam varia bastante de país para país, levando em consideração o sistema de governo e a forma como se equilibram os poderes Executivo e Legislativo. Em geral, observa-se que as restrições para o exercício privado costumam ser muito mais rígidas para os funcionários dos tribunais, dos notários aos procuradores, em alguns casos, do que para os juízes.
Pela lei francesa, os juízes da "Cour de Cassation" (das mais altas Cortes francesas) estão dispensados das restrições aplicadas ao restante dos quadros do tribunal, que devem observar uma quarentena de cinco anos após seu desligamento, dentro da jurisdição em que serviram durante seu exercício público, para poderem atuar na iniciativa privada.
A única obrigação dos juízes é, num período de cinco anos após sua saída, informar ao ministro da Justiça suas atividades privadas. O ministério poderá barrá-lo, caso avalie que essa atividade comprometa o funcionamento normal da Justiça ou acarrete descrédito às funções de magistrado.
Não há quase nada que restrinja a atuação privada de um juiz recém-saído da Corte Federal Suíça ("Bundesgericht"), cujo mandato é de quatro anos, podendo ser reeleito. Os limites encontram-se previstos no estatuto da ordem dos advogados local. Um deles prevê que ex-juiz não pode atuar em processos que já tiverem passado por sua mão durante seu tempo na Corte.

Vitalícios
A Suprema Corte britânica, por sua vez, é constituída por 12 dos 487 membros vitalícios da Câmara dos Lordes (há ainda 759 hereditários, 24 bispos e dois arcebispos). Diferentemente dos seus colegas, esses 12 magistrados recebem um salário. Lordes não são pagos, mas tampouco são eleitos.
O conflito, nesse caso, não é entre atividade pública e privada, mas sim quando a função de juiz confunde-se com a de legislador. Nos países onde os juízes da Suprema Corte são vitalícios, os limites entre a atuação pública e a privada são bastante claros. Assim é na Alemanha, onde os juízes são obrigados a se aposentar ao completarem 65 anos de idade, e nos Estados Unidos.



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