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MÁQUINA PARADA
Ministro diz que juros poderiam ter caído mais e que proposta de aumento aos servidores será retirada
Dirceu ameaça retaliar servidores grevistas
RUBENS VALENTE
ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, anunciou ontem à
tarde, num discurso para militantes do PT em São José dos Campos (SP), que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva vai recuar da
proposta de reajuste feita em abril
para os servidores federais, caso
eles dêem início a uma greve nesta
semana. Parte do funcionalismo
anunciou decisão de cruzar os
braços a partir de amanhã.
A proposta do Executivo prevê
reajustes diferenciados entre
12,85% e 32,27% para os servidores na ativa e de 9,50% a 29,38%
para os inativos.
Após dizer que o governo estava
concedendo o primeiro reajuste
"em muitos anos", o ministro
afirmou: "E tem gente querendo
fazer greve. O presidente [Lula]
vai retirar a proposta, porque não
é correto isso. Porque o governo
fez uma proposta que atende
aqueles que ganham menos".
No último dia 18, uma reunião
plenária da Cnesf (Coordenação
Nacional de Entidades de Servidores Federais), que reúne dez
entidades e cerca de 800 mil servidores, do total de 905 mil, marcou
para amanhã o início da greve.
Em clima eleitoral, Dirceu foi a
São dos José dos Campos participar de um encontro que ratificou
a pré-candidatura do deputado
estadual Carlinhos Almeida (PT-SP) a prefeito da cidade.
O ministro posou para fotos
com cerca de 25 pré-candidatos a
vereador, distribuiu autógrafos
para cabos eleitorais e anunciou
que vai "percorrer o Estado todo"
para fazer campanha eleitoral para os candidatos do PT.
Num discurso de 45 minutos,
Dirceu listou o que seriam realizações do governo Lula e admitiu
um engano, a política de juros altos no final de 2003 e no começo
de 2004. "Não que o governo não
tenha cometido erros. Não que a
nossa política monetária não tenha cometido equívocos. O juro
poderia ter baixado em outubro,
mais. E em janeiro e fevereiro, ter
baixado", afirmou. Em outubro, o
Banco Central reduziu a taxa de
juros de 20% para 19%, mas diferentes setores da economia reclamaram uma queda maior. Esperava-se isso porque, no mês anterior, o BC havia reduzido a taxa
em dois pontos percentuais.
Nos dois primeiros meses deste
ano, a taxa foi mantida em 16,5%.
Depois do discurso, em entrevista coletiva, um repórter quis
saber a razão de o governo ter baixado pouco os juros em outubro,
janeiro e fevereiro. O ministro
reafirmou sua crítica: "Porque a
análise técnica, que o Banco Central fez, olhando a inflação e
olhando a situação econômica, levou o Banco Central, que tem autonomia, à conclusão de que não
deveria baixar. Não quer dizer
que eu tenha que concordar. Depois que o Banco Central anunciou, todos têm o direito de analisar, avaliar, como os comentaristas, os articulistas, os economistas
e muitos políticos analisam".
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