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Marta rejeita interferência em eleição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A prefeita paulistana, Marta
Suplicy, marcha para a candidatura à reeleição com um grave problema: as relações de seu
grupo político com o governo
federal, em especial com o ministro José Dirceu (Casa Civil),
estão para lá de ruins.
Preocupado, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já manifestou a auxiliares o desejo de
melhorar o clima entre membros de seu governo e da gestão
Marta. O principal conflito hoje é entre Dirceu e o secretário
de Governo de Marta e candidato a vice, Rui Falcão.
Dirceu quis evitar a indicação
de Falcão para vice, a fim de
oferecer a vaga ao PMDB de
Orestes Quércia, mas foi derrotado. Reservadamente, interlocutores de Falcão, que já foi
próximo a Dirceu, dizem que a
campanha não aceitará interferências.
O episódio mais recente que
contribui para desgastar as relações foi a entrevista do secretário-geral do PT, Silvio Pereira, ao jornal "Valor" na última
segunda.
Ligado a Dirceu, Pereira disse
que a eventual entrada do tucano José Serra na disputa poderia "complicar" a reeleição da
prefeita. Ao analisar dificuldades da prefeita, citou também o
casamento dela com o franco-argentino Luis Favre, o que teria contrariado o eleitorado
conservador.
A ligação de Pereira com o
ministro Dirceu deixou o PT
paulistano desconfiado.
Como Pereira é o coordenador do GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral), que definirá as
estratégias do partido no pleito
municipal, as palavras dele foram vistas como uma tentativa
de intromissão.
Mas Marta e Falcão já enviaram um recado a Dirceu e à cúpula do PT e do governo: o
GTE não dará a linha da campanha da prefeita.
Numa resposta a Pereira e a
Dirceu, auxiliares da prefeita
dizem que o governo federal
deveria melhorar o gerenciamento de seus projetos antes
de querer ditar os rumos da
eleição em SP. Eles reclamam
que projetos de interesse de
Marta estão emperrados na
gestão federal por falta de competência para que saiam do papel.
Mais: o PT paulistano diz que
o PMDB usou a indicação de
Falcão para vice como desculpa para não fazer a aliança. O
motivo verdadeiro para o lançamento do presidente do
PMDB, Michel Temer, como
pré-candidato a prefeito teria
sido a recusa do Planalto em
oferecer cargos ao ex-governador Orestes Quércia. É Quércia
quem controla o PMDB de São
Paulo.
Lula, que gosta de Marta e reconhece a importância dela para a sua eleição em 2002, busca
uma mediação por meio de interlocutores fora do grupo de
Dirceu. O principal deles é o
presidente do PT, José Genoino, que tem boa relação com a
prefeita. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, também ajuda na operação.
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