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ELEIÇÕES 2004
Na semana seguinte à divulgação de novas denúncias contra Maluf, ex-senador intensifica tentativa de adiar pré-convenção
Na dúvida, Serra trabalha contra prévia em São Paulo
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PSDB,
José Serra, trabalha para que a
pré-convenção do partido, marcada para o próximo domingo,
seja adiada, enquanto estuda a
possibilidade de entrar na disputa
pela Prefeitura de São Paulo.
A articulação de tucanos ligados
ao ex-senador ganhou combustível extra com a divulgação de novo documento reforçando suspeitas de contas mantidas no exterior
por Paulo Maluf (PP). O ex-prefeito aparece tecnicamente empatado com Serra nas últimas pesquisas de intenção de voto.
A operação em torno de Serra já
surtiu seu primeiro efeito. O governador tucano Geraldo Alckmin iria anunciar seu apoio ao secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública), mas suspendeu de última hora a adesão
pública à sua pré-candidatura.
O maior entrave para o adiamento da pré-convenção, porém,
é o próprio governador, que só
aceita derrubar as prévias antecipadas se Serra comunicar oficialmente que está à disposição do
partido para disputar a sucessão
da prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT). Alckmin, que reclamou de deputados ligados a Serra
terem criticado publicamente a
data da pré-convenção, avalia que
o partido já "sangrou" demais
com a indefinição do ex-senador.
O anúncio do apoio do governador a Saulo ocorreria logo depois que a bancada tucana de deputados estaduais divulgou um
documento pró-secretário. Aliados de Alckmin chegaram a estranhar o fato de a movimentação de
Serra ter ganhado força justamente no dia em que foi fechada a adesão ao candidato do Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo.
Além de Saulo, outros três nomes participarão da prévia, na
qual votam os delegados zonais
do partido na capital: José Aníbal,
ex-presidente do PSDB, e os deputados federais Walter Feldman
e Zulaiê Cobra. Como Serra é nome de consenso entre os tucanos,
os quatro pré-candidatos já disseram que abririam mão de suas
candidaturas em favor dele.
Serra, candidato derrotado por
Lula em 2002, conversou nos últimos dias com correligionários,
leu pesquisas e pediu a tucanos a
garantia de ser o candidato na
eleição para o governo do Estado
em 2006, caso venha a perder o
pleito deste ano. Serra também
coloca na balança as dívidas contraídas durante a eleição de 2002.
Alckmin não tem motivos para
se opor à entrada de Serra na disputa. De olho em 2006, ele se fortalece na corrida para a sucessão
de Lula em dois cenários: 1) se
Serra vencer, terá um mandato de
quatro anos a cumprir e estará
mais próximo do Palácio dos
Bandeirantes do que do Planalto;
2) uma eventual derrota seria debitada na conta de Serra, já que o
tucano tem luz própria. Qualquer
outro candidato transferiria para
Alckmin o ônus do fracasso.
Um terceiro cenário, pouco
provável para os tucanos, seria
uma derrota de Serra no primeiro
turno, o que o enfraqueceria e o tiraria da disputa pela Presidência
em 2006. Se o impasse de Serra
persistir, Alckmin jogará sua cartada final a favor de Saulo ao assumir publicamente nesta semana o
apoio ao secretário, uma vez que
os outros pré-candidatos já disseram não abrir mão da disputa.
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