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OPERAÇÃO ANACONDA
Na corporação, delegados tinham
carreira considerada exemplar
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Presos há dez dias, os delegados
José Augusto Bellini e Jorge Luiz
Bezerra (aposentado) distinguiram-se no passado por uma carreira considerada exemplar dentro da Polícia Federal. Nos anos
80, enquanto Bezerra participava
de cursos no exterior patrocinados pela PF, Bellini gozava no Brasil da fama de policial "incorruptível" e "imbatível" nas investigações de tráfico de drogas.
Os dois são investigados por
formação de quadrilha envolvendo juízes federais e estão presos
na carceragem da Polícia Federal,
em São Paulo.
Policial há cerca de 35 anos, Bellini conheceu a glória nos anos
80. Depois de uma passagem "brilhante", segundo colegas da PF,
pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes, o delegado ganhou o
apelido de Eliot Ness -agente
norte-americano que combateu a
máfia nos anos 30, conseguiu
prender Al Capone e foi imortalizado no filme "Os Intocáveis".
Em 1988, em uma entrevista para a "Folha da Tarde", Bellini afirmou ter orgulho de sua fama de
policial implacável. "Se há uma
acusação que nunca vou aceitar é
a de corrupção. Eu me orgulho de
ser incorruptível."
Depois de afirmar que vivia
com a mulher e os dois filhos em
um apartamento de dois quartos
financiado pelo extinto BNH, Bellini falou sobre a sedução exercida pelo poder econômico de criminosos: "Nós temos que ter uma
excelente cabeça, porque a tentação é muito grande".
PC Farias
Enquanto Bellini vivia as glórias
de sua carreira em São Paulo, Bezerra passava mais tempo no exterior. Com o patrocínio da PF, o
delegado passou por treinamentos intensivos na SWAT -polícia
de elite norte-americana- e participou de dezenas de cursos sobre repressão ao crime organizado em todo o mundo.
Em 1993, Bezerra coordenou as
investigações para a prisão de PC
Farias, amigo e tesoureiro de
campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Falhou na
missão. PC, o homem mais procurado na época, fugiu e só iria ser
preso na Tailândia, quase seis meses depois. Pressionado, Bezerra
pediu demissão do cargo.
Deixou Alagoas e se mudou para Mato Grosso, onde assumiu
como superintendente regional
interino da Polícia Federal.
Hoje aposentado, Bezerra mora
em Alagoas e é pai de três filhos.
Ao ser preso em um flat, a polícia
apreendeu cerca de US$ 42 mil
que estavam com o delegado.
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